Conta a tradição natalina que Três Reis Magos viram a Estrela de Belém, ou Estrela-Guia, que anunciava a chegada de Jesus ao mundo terreno e que, acompanhando a trajetória da Estrela, chegaram ao local de nascimento do Salvador. Os Três Reis Magos se chamavam, ainda segundo à tradição cristã, Belchior, Gaspar e Baltazar. Levavam como presentes ao Menino, Filho de Deus, ouro, incenso e mirra (um tipo de erva de poderes medicinais).
Na vinda de Jesus a este mundo, como creem os fiéis do Cristianismo, depositou-se e deposita-se a esperança, a cura de nossos males e angústias, a possibilidade de sermos melhores. Ao menos é o que aprendi e o que tenho acompanhado e entendido.

Penso que os Três Reis poderiam, na verdade, terem sido Três Rainhas. Nesse meu pensamento, essas Rainhas chamariam-se Esperança, Serenidade e Resiliência.
A Rainha de nome Esperança traria como presentes a confiança, a fé, a motivação, o sonho e a capacidade de realizar. Na vida, muitas vezes, romantizamos a coisa a tal ponto pensando que felicidade é um estado de ser eterno, quando na verdade tudo é momentâneo, tudo é experiência, tudo é aprendizado. Mas sim, felicidade é uma das melhores coisas do mundo. Às vezes ela se intercala com sacrifício, com dedicação, com dúvida e até mesmo com dor. Mas ela está lá, a felicidade, sempre dando suas mãos à Esperança. Já dizia a música de Gilberto Gil, “Andá com fé eu vou, que a fé não costuma faiá”. Porque Esperança é sinônimo de Fé!

Quanto à Serenidade, eu gostaria que ela trouxesse paz, aconchego, diálogo, respeito, perdão, tranquilidade e abraço. Serenidade é como dormir, muitas vezes cheio de angústias, e acordar com um novo dia, o raiar do sol, trazendo consigo uma ou um milhão de novas possibilidades. Espero que a Serenidade também tenha entre seus presentes o entendimento ao próximo, o reconhecimento que, sendo o outro diferente de mim em muitos aspectos, confere a cada um de nós sermos “Únicos”, porém irmanados.
Por fim, a Resiliência teria como presentes a capacidade de transformar, de renovar, de reerguer, de abrir caminhos ou enfrentar obstáculos. A Resiliência traria consigo a nossa força, mesmo que escondida, mesmo que neutralizada temporariamente.
Como Estrela-Guia dessa minha versão natalina, guiando a Esperança, a Serenidade e a Resiliência, teríamos não um único astro, mas vários astros celestes, representando a união, o voluntariado, o bem, o sorriso, a inocência, o perdão, o renascimento, a cura.

Independente da crença, da cor, se branco ou negro, se louro ou moreno, se homem ou mulher, nesse meu sonho em pleno dezembro, estaríamos todos em volta de uma manjedoura de bons sentimentos. Não apenas rogando preces a um Menino que acreditamos ter vindo para nos salvar, mas apenas pedindo a ele que nos oriente, que nos guie, pois seria muita pretensão e irresponsabilidade nossa dar exclusividade a Ele, o Menino Jesus, a tarefa de salvar o mundo e a nós mesmos. Se temos uma vida, temos um dom de realizar e transformar.
Alguns podem chamar de utopia, de sonho, de devaneio, de imaginação, de fantasia, de desatino.
De mãos dadas com a Esperança, com a Serenidade e com a Resiliência, eu, do fundo do meu coração, prefiro chamar de Fé!
[…] Noel, mais explorado comercialmente, é verdade, mas igualmente mantendo uma aura de esperança. Noutra coluna comentei sobre a nossa insistência em depositar nos “ombros” do Menino Jesus todos os nossos […]
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