A vida que vai passando e as louças guardadas ainda não usadas. Semana passada investi um tempo na organização da minha casa e pensa no desapego!
Moro no mesmo terreno que a minha mãe e tive que a chamar para mostrar que, dos 12 pratos rasos em uso, eram de 3 jogos diferentes e 10 estavam lascados.
Havia um jogo guardado com travessas e até uma sopeira (nem sabia que existia isso, porque sempre servimos sopa na própria panela). Minha mãe disse que este foi um dos dois jogos de pratos que ela e o pai haviam ganhado de presente de casamento em 1975.
Sem a intenção de julgar, apenas como uma reflexão, senti a compreensão de estar repetindo ela e a minha vó até aqui: poupar um jogo para utilizar aqueles 12 pratos lascados de 3 jogos diferentes.

Sabe aquela música do Jorge e Mateus? “Ela queima o arroz, quebra copo na pia…“
Eu sou a dona de casa que exagera no arroz e quebra copos e pratos na pia e fico imaginando o quanto a minha geração é desapegada pela convivência e o quanto a geração anterior foi apegada a tal ponto de não usar os presentes que ganharam.
E quantos padrões repetimos?
Pensa aqui comigo: quantas coisas deixamos de usar para não quebrar, não sujar, não estragar e não perder?
A cada ano me aproximo dos meus 40 e vou perdendo mais pessoas. A vida está passando rápido demais?
Rápido por ter medo de errar e se frustrar?
Medo de não dar certo e por isso acabamos nem tentando, usando e merecendo?
Que tal abrirmos nossas gavetas, armários, baús e desapegar do que está parado, atrapalhando e amontoado e experimentar novas sensações abrindo espaço para o novo que merecemos viver e usar?
Vai deixar pra quem?