Escritor Doralino Souza lança livro de microcontos na próxima semana em Igrejinha

O reconhecido escritor de contos Doralino Souza se aventura agora nos microcontos. Será possível conhecer 70 deles em breve, no livro intitulado “enquanto espero o troco do café“, que ele lança no próximo dia 27 (quinta-feira), a partir das 19h30, no Sobrinhos Rock Bar, em Igrejinha. Na obra, o leitor encontrará microcontos, que são estórias curtas, no estilo conto, com poucas palavras – no máximo 140. Eles passeiam pelas mais diversas situações e, conforme o autor, embora aparentemente curtas, elas chegam carregadas de significados, de narratividade e de olhar sobre a condição humana.

Doralino Souza nasceu em São Francisco de Paula, em novembro de 1969, e atualmente reside em Igrejinha. Além de escritor, é jornalista, educador social e ativista cultural. Publicou os livros Dentes no copo de uísque & outros contos de crime (2019, Editora JM2D), O Cânion de dentro (2016, editora JM2D) que foi finalista ao Prêmio AGES Livro do ano na categoria Infanto-juvenil e Anjos também usam boné (2014, Editora JM2D), obra finalista ao Prêmio AGES Livro do ano na categoria contos. Foi vencedor do I Premio Internacional de Microcontos. Possui diversas publicações em antologias, incluindo o Premio Off Flip 2022 (de Paraty), contribui com jornais e revistas impressos e digitais. É ainda idealizador e editor da Revista Paranhana Literário e repórter da Rádio Arteviva.

Após o lançamento em Igrejinha, Doralino prevê um encontro em Porto Alegre, no café do Teatro São Pedro, provavelmente no dia 17 de maio, e, para junho está programando algo em São Francisco de Paula. O livro será vendido no valor de R$ 30,00 no local de lançamento, no site da Editora Bestiário www.bestiario.com.br, com o autor e em livrarias da região.

Confira entrevista exclusiva com o escritor Doralino Souza:

Drops do Cotidiano: De onde vem o nome: Enquanto espero o troco do café?
Doralino Souza: É uma brincadeira com o leitor, também um desafio; como se trata de histórias curtas, no máximo 140 palavras, é possível ler uma ou algumas enquanto se espera o troco do café, na fila da padaria, na fila do caixa eletrônico etc. E tem a situação que sempre comento, de que as histórias e personagens estão em todas as partes esperando para serem encontradas e, mesmo na fila, enquanto se espera o troco do café, é possível ouvir, ou visualizar algo que pode ser transformado em conto. Eu particularmente faço muito isso…estou sempre atento às cenas do cotidiano.   

Drops: Como surgiu teu interesse nos microcontos?
Doralino: Sempre gostei de contos. Sou adepto dos ensinamentos dos mestres Poe, Hemingway, Raymund Carver, Tchékhov e outros que defendem que o conto é uma história que já nasce acontecendo, ou seja, já começa na ação, sem enrolação. Por ser uma narrativa breve, não dá pra perder tempo, temos que dar o recado logo de cara. Dizer ao que viemos em poucas linhas obriga o autor a trabalhar bastante com o subtexto, com as camadas que não são contadas, mas sugeridas. No caso dos microcontos isso é ainda mais evidente. O microconto precisa causar impacto. Precisa sacudir o leitor. O bom microconto é aquele que, com o mínimo de palavras, produz o máximo de efeito.  Ou como disse Júlio Cortázar, “Se o romance vence por pontos, o conto vence por nocaute”. Então, eu me esforcei para, nesse livro, dar 70 pequenos nocautes no leitor (risos).     

Drops: Como foi o processo de produção da obra?
Doralino: Os contos desse livro foram surgindo ao longo de dois anos. Durante a pandemia eu participava de um clube de escrita criativa, ministrado pelo premiado escritor radicado em Santa Catarina, Robertson Frizero (encontros virtuais e grupo de WhatsApp). Ele iniciou um projeto chamado Literatura Mínima, o qual consistia em desafios propostos aos participantes, onde ele determinava um tema, normalmente a partir de uma imagem, e o número exato de palavras que o microconto deveria conter, que podiam ser 30, 50,  100 ou 150. Depois os textos eram lidos e debatidos, buscando sempre a maior narratividade possível, pois o microconto é um conto, então ele precisa ter os elementos do conto, caso contrário vira uma citação, uma sinopse, um poema. Posso afirmar que esse projeto foi pioneiro. Depois muitos outros surgiram, mas esse foi pioneiro. Eu acabei gostando dos desafios, pois é muito interessante tu se propor a escrever uma história em poucas palavras. Por conta disso, participei do I Concurso Internacional de Microcontos e meu texto foi um dos vencedores (relembre como foi aqui). Quando vi já tinha mais de cem micro ontos. Numa conversa com o editor Roberto Prym, da editora Bestiário, de Porto Alegre, decidimos publicar, daí escolhi 70 microcontos para compor o livro.   

Drops: Em que se aproxima e em que se diferencia dos teus livros publicados anteriormente essa obra?
Doralino: Todo o meu universo temático e de personagens, que venho criando ao longo dos anos, está nesse livro. Só se difere no tamanho dos contos, se no meu livro anterior as histórias eram contadas em mil palavras, nesse eu as conto em cem. Minha matéria-prima é a vida real, o drama humano, com tudo o que ele tem de ridículo, patético, sublime, trágico, grandioso, maravilhoso. Escrevo porque preciso respirar.

Drops: Como está a tua expectativa para o lançamento do livro?
Doralino: Bacana! O microconto veio para ficar. Ele é próprio dos nossos dias. É uma literatura que dialoga com as redes sociais e com a agilidade contemporânea. Um microconto pode ser publicado no Instagram, Twitter ou Facebook sem nenhum prejuízo. Da mesma forma, por ser breve, pode ser lido nas redes, virar vídeo, podcast, etc. Também acredito no seu potencial junto às escolas. Se os alunos normalmente reclamam para ler, por falta de tempo ou algo assim, com os microcontos não terão esse problema. Dá pra ler vários microcontos num período de aula e ainda debater sobre o que foi lido.

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