Da Alemanha nazista ao Paranhana: livro baseado em história de moradora de Três Coroas é lançado neste sábado

A história de Tania Girke Volkart, moradora de Três Coroas, serve de pano de fundo para o novo livro de Paulo Stucchi. O escritor, que foi finalista do Prêmio Jabuti 2020 com a obra A Filha do Reich, vai lançar o livro “Um de nós foi feliz” neste sábado (02), das 15 às 18 horas, na Biblioteca Municipal Balduíno Robinson, em Três Coroas. O romance histórico de ficção baseado em fatos reais manifesta as dores causadas pela ideologia nazista durante o período de ascensão e que repercutem até os dias atuais. Foi a partir de Renata Sturm, da Maquinaria Editorial, que o escritor paulista conheceu a história de Tania e se interessou por transformá-la em seu novo livro.

No cemitério de Marburg, na Alemanha, em um dia frio de inverno, uma mulher está em frente a uma lápide, acompanhada apenas por uma sombra que a persegue há muitos anos. Ela decidiu viajar até o país unicamente para visitar esse túmulo: é lá onde estão os restos do homem que sempre foi um mistério: o próprio pai, Jonas. A mulher é Susana Schunk, personagem inspirada na três-coroense Tania. Ela presenciou o relacionamento abusivo dos pais e cresceu com o sentimento de rejeição e culpa.  Antes de ser o pai de Susana e causar os traumas que seguiram a personagem durante toda a vida, o jovem Jonas enfrentou as primeiras consequências e contradições da vida adulta na cidade de Neumarkt. Ao mesmo tempo, ele descobriu o amor nos olhos intensos da colega de tranças duplas. O problema é que o temperamento explosivo e os erros de adolescente aconteceram em meio à ascensão do Partido Nazista. A obra traz referências do passado da família na Alemanha nazista e o presente no Rio Grande do Sul.

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Além de escritor, Paulo Stucchi é jornalista e psicanalista. Aos 16 anos, escreveu seu primeiro romance, “O porta retrato”, que conta a história de um adolescente que tirou a própria vida e, morto, procurava uma explicação para o seu ato. Em 2008 venceu a timidez e publicou “O Natal sem mamãe”, escrito originalmente em 2003 para uma peça de teatro. Em 2010, publicou um enredo policial chamado “A fonte”. Dois anos depois, apresentou a obra “O triste amor de Augusto Ramonet”, o primeiro romance de fundo histórico e distribuição profissional. Em 2013, publicou “Menina”, romance que se passa na Guerra do Paraguai (1864-1870). O livro foi traduzido para espanhol e ganhou destaque na imprensa paraguaia, estando esgotado no país. É também autor de “No fundo do rio” e “A filha do Reich”, finalista do Prêmio Jabuti em 2020.

Confira entrevista exclusiva com o autor:

Drops do Cotidiano: O livro é baseado em fatos reais. Ele é mais ficcional ou contem mais verdade?
Paulo: Ambos. A história de Susana Schunk, a protagonista de “Um de nós foi feliz”, tem mais ligação com a Tania real do que os episódios de Jonas, seu pai (Wolfgang na vida real). Alguns conteúdos das cartas são idênticos, a base da história de amor vivida por Jonas e Patrizia também. Mas, com ele, tive mais liberdade criativa, ao passo que com Susana procurei ser fiel à dor causada pela rejeição e pela busca desse pai verdadeiro.

D: Chegaste a vir a Três Coroas alguma vez no processo do livro? Como foi essa experiência?
P: Sim, estive em Três Coras e Taquara, onde fiquei três dias. Confesso que estava bem inseguro em romancear uma história baseada em fatos reais. Desde o início, a ideia não era ter uma biografia, mas sim um romance de ficção que usasse a história de Tania como pano de fundo. Mesmo assim, pensei ser uma grande responsabilidade usar a história de outra pessoa, eu pensava: “Nossa, e se ela não gostar?”. Três meses depois, quando a Tania leu o original de “Um de nós foi feliz” e aprovou, aí sim pude relaxar. Quando criamos uma história do zero, somos donos dos personagens e de seus destinos. Mas não era o caso, eu tinha fatos reais em que me basear e preencher as lacunas com ficção. Ao final, deu tudo certo.

D: O que os leitores podem esperar dessa nova obra? Em que se parece ou diferencia dos teus livros anteriores?
P: Em comum, “Um de nós foi feliz” me fez revisitar o Rio Grande do Sul e o nazismo, assim como ocorreu em “A filha do Reich”. Ambos falam sobre relações entre pais e filhos, mas “Um de nós foi feliz”, é, acima de tudo, uma história de amor, um romance. Eu mesmo estava passando por momentos turbulentos em minha vida pessoal, por isso quis colocar o máximo de emoção na relação entre Jonas e Patrizia. O amor pode adoecer ou curar. Ou ambos.

D: Como surgiu teu interesse pelos romances históricos?
P: Acho que de minha paixão pela História, algo que carrego desde a escola. Brinco que sou um historiador frustrado. Mas, ao contrário do historiador, não gosto de me apegar a fatos e, sim, usá-los para criar e entregar uma boa história. Bem, pelo menos, é isso que tenho tentado.

D: Qual a tua expectativa para esse encontro em Três Coroas de lançamento do livro?
P: Será um momento de emoção para mim retornar a Três Coroas. Muitas lembranças. Também será o momento de oficialmente devolver à Tania o carinho com que ela me recebeu, desta vez, transformado em livro.

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2 comentários

  1. Quero muinto ler este livro fui aluno da professora Tânia, no ensino médio do 12 de maio,depois mais tarde quando já casado as minhas filhas studaram no 12 quando ela foi diretora da escola fiz parte do c.p.m.a minha história de amor com minha esposa começou no patio do 12.

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