Certamente todos aqui sabem o que é um cemitério. Local destinado ao sepultamento dos entes queridos (ou não) que partiram e, mais recentemente, até de animais de estimação, que agora também contam com cerimoniais específicos para a sua despedida.
Recentemente, porém, as imagens de um cemitério de roupas, no deserto do Atacama, no Chile, chamaram a atenção por exibirem toneladas de tecidos, restos das indústrias de confecção de roupas, cada vez mais descartáveis por um consumo desenfreado e acelerado por parte de todos nós.
Todos, sim, indiscriminadamente, com alto ou baixo poder aquisitivo, compram roupas, por necessidade ou por vaidade. Os apelos são muitos e variados. Em qualquer vitrine há uma peça que serve exatamente para substituir o que temos no guarda-roupa, ainda que perfeitamente desnecessária.

Quem vê aquele cemitério de roupas, uma montanha assombrosa de lixo que levará centenas de anos para se decompor, poluindo o meio ambiente, pode ter certeza de que alguns metros daqueles tecidos fazem parte da camiseta, do vestido ou da calça que estamos usando neste exato momento. Impossível ficar indiferente ao nosso próprio consumismo, ecologicamente incorreto.
Penso nisso a cada mudança de estação quando vejo as pessoas (inclusive eu), dizendo que “não tem nada para usar”, “só roupas fora de moda”, enfim, essas insanidades que surgem à mente, não sem uma certa vergonha por atestar que o guarda-roupas está “lotado” de peças, inclusive algumas que nunca foram usadas.
Obviamente, acabamos comprando muito além do necessário, que vai se transformar neste cemitério de trapos, lá longe, no deserto do Atacama. Deserto que, aliás, está virando aterro com os restos de uma indústria nada sustentável, validada por uma sociedade altamente consumista.

Da próxima vez que for às compras, então, experimente imaginar o impacto ambiental do que está levando e, de quebra, já doe algumas peças abandonadas no fundo do seu armário para quem realmente não tem nada e sequer pode adquirir o básico, o essencial, para cobrir o corpo.
Se estamos entrando em uma nova estação, também é o momento de entrarmos em sintonia com uma nova mentalidade capaz de “sepultar” menos lixo e, consequentemente, menos seres doentes por conta desse caos humanitário nas próximas décadas.