Escola, para mim, sempre foi lugar de acolhimento, de aprendizado, de novas amizades, de alegria, de paz, brincadeiras e risos. O medo (ou seria respeito?) que tínhamos, era de alguma diretora muito brava ou de um professor com cara amarrada que não nos permitia “colar”.
Claro que havia bullying, brigas no recreio e desaforos que nos obrigavam a resolver tudo entre nós mesmos, no pátio da escola ou com a direção. E se chegasse em casa reclamando, era castigo na certa! Os pais nem questionavam quem tinha razão. A autoridade dos professores e diretores das escolas era inquestionável. E não se falava mais nisso!
Nenhum da nossa geração morreu por isso. A extrema rebeldia da nossa adolescência se resumia a uma tragada e outra de cigarro, que fumávamos escondido no banheiro do colégio, só para provocar e desafiar a direção. Claro que sempre éramos descobertos e punidos pela infração “gravíssima”, além de sermos denunciados aos pais que, prontamente, tomavam todas as providências… contra nós, obviamente.
Escola era o lugar mais seguro que existia. Talvez até mais do que a própria casa. O perigo sempre estava na rua. “Não converse com estranhos”, “Não aceite balas (naquela época, bala era bala mesmo) de ninguém”, “Vem direto da aula para casa”, essas coisas normais que todos os pais recomendavam com toda propriedade e autoridade que exerciam, sem sequer imaginar os desafios que viriam logo mais adiante com uma tal de internet, que já despontava em outros países.
Agora, o perigo está dentro da escola, na sala de aula. Ameaça os professores, os colegas e os funcionários. A polícia, que deveria estar ocupada de outras ocorrências na rua, ostensivamente, tem que ser deslocada para proteger os alunos dos alunos, num cenário surreal, onde adolescentes são presos por atos terroristas, articulados em grupos ou sozinhos, pela internet.
Os pais, talvez eles próprios absortos e imersos nas redes sociais, são surpreendidos pelo noticiário que denuncia uma sociedade cada vez mais doente. Na esquina, um grito apavorante revela o horror que invade a escola, um lugar que não é mais seguro para ninguém.
Em casa, há pais estarrecidos, estraçalhados, destruídos para sempre com a tragédia, e outros coniventes e cegos, a acobertar evidências forjadas por quem prefere delegar à internet o que deveria ser responsabilidade prioritária da família.
Que a escola volte a acolher sem medo e que os cegos desliguem seus celulares para voltar a enxergar seus filhos, presencialmente, bem longe dos filtros que encobrem monstros nas redes sociais.