Água azul, quente e cristalina do mar atrai, aqui no nosso litoral gaúcho, muitas águas vivas, além de muita gente e outros “seres” que invadem a areia .
Tem de tudo, coisas que o mundo virtual está multiplicando a cada metro quadrado, como essas insuportáveis caixas de som portáteis.
O problema, aliás, não é a caixa em si, mas o volume altíssimo e o gosto duvidoso do que toca ali, via Bluetooth, essa maravilha que virou pesadelo para quem quer apenas tomar sol e se banhar nas águas raramente cristalinas desse mar, acompanhado de uma cervejinha gelada e bom papo entre amigos.
Acontece que o território praiano está sendo dominado por esse som que abafa qualquer tentativa de conversa, contemplação, meditação ou o simples silêncio, entre um gole ou um mergulho e outro.
Toca de tudo, o tempo todo, em meio às cornetas do picolezeiro, do grito das crianças, dos vendedores de óculos de sol, de roupas, chapéus, enfim. Caixas de som com decibéis estourando os tímpanos, o que certamente é proibido por lei, mas que lei?? – pergunta o tal veranista que se nega a desligar ou ouvir a música num tom mais baixo.

Invadiram a nossa praia sem dó nem piedade, e sem razão. Muito menos educação, que é coisa rara hoje em dia. Reclame e ainda ouvirá uma série de desaforos ou receberá, talvez, um tapa na cara, um deboche, uma afronta, como se fosse um simples bate-boca pelas redes sociais entre direita e esquerda, rock e sertanejo, silêncio e gritaria, bons e maus cidadãos, velhos e jovens, e por aí vai.
Ouvir e calar ou ir para outro lugar como única opção. Não tem outro jeito. A caixa de som venceu e a cerveja esquentou. A paciência esgotou e o melhor da praia ainda é o barulho das ondas, longe dali, mesmo com as águas vivas queimando a pele, o que nem é tão ruim, diante do som tenebroso que reverbera na cabeça por dias, infernizando a vida e o sossego do pobre veranista que só queria tirar umas férias em paz.
*Foto: Gilson Quintana / Prefeitura de Capão da Canoa