Análise do Produto Interno Bruto (PIB) da Região Vale do Paranhana-Encosta da Serra na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico

Caroline Britto da Silva Silveira 
Denis Mattheus Medinger Kirsch

Neste texto procura-se fazer uma análise simplificada do Produto Interno Bruto (PIB) total dos municípios que compõem a região do Vale do Paranhana-Encosta da Serra, verificando a sua evolução de 2010 a 2019, utilizando dados fornecidos pelo Departamento de Economia e Estatística – DEE da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do Estado do Rio Grande do Sul. Inicialmente descreve-se algumas informações sobre esse relevante indicador de desenvolvimento econômico regional, como a sua composição, utilidade, forma como é calculado e o que esse índice consegue demonstrar.

Em uma sociedade de consumo, com um sistema predominantemente capitalista, é preciso que sejam criados meios para se analisar a capacidade de produção e de consumo em determinado país, região, estado ou município. Em 1953 o PIB foi calculado pela primeira vez. Criado pelo economista Richard Stone, tornou-se uma medida universal para que os países pudessem comparar o desenvolvimento econômico entre si, bem como a sua própria evolução durante um determinado período, conforme destaca o economista da CNN Brasil, Raphael Coraccini (2021).

O PIB, portanto, soma todos os bens e serviços finais, sendo calculado pela moeda local do país que o realiza. No Brasil, é calculado trimestralmente e utiliza-se de 12 índices diferentes de produção. Estes índices são: Balanço de Pagamentos, Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), Produção Agrícola Municipal (PAM), Pesquisa Anual de Comércio (PAC), Pesquisa Anual de Serviço (PAS), Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), Pesquisa Industrial Anual – Empresa (PIA – Empresa), Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física

(PIM-PF), Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e Pesquisa Mensal de Serviços (PMS)(IBGE, 2022).

O PIB ainda é dividido em três setores da economia (agropecuária, indústria e serviços), cujos valores desses domínios são agregados, formando o valor final de tudo o que é produzido, chamado de Valor Adicionado Bruto (VAB) (NECAT, 2002-2017).

Por isso, não é correto afirmar que o PIB é o total da riqueza existente em um país como no Tesouro Nacional. Mas, trata-se de um indicador de novos bens e serviços finais produzidos em um determinado período, que leva em conta o preço final dos produtos e serviços que chegam ao consumidor e considera os impostos sobre os produtos comercializados.

O PIB na Região do Vale do Paranhana-Encosta da Serra: A região é composta por dez municípios e o valor calculado do PIB está disponível de 2010 a 2019, último ano publicado pelo DEE Dados. Na tabela 1, apresenta-se o valor anual do PIB total (em R$ mil) de cada município.

Ao observar a tabela 1, é possível verificar que apenas três municípios não tiveram queda no PIB em nenhum dos anos entre 2010 e 2019. Os municípios que tiveram crescimento econômico positivo em todos os anos, no período analisado, foram Morro Reuter, Presidente Lucena e Rolante, sendo que o município de Presidente Lucena apresentou o maior aumento relativo entre todos da região ao se considerar todo o período.

Na tabela 2, verifica-se o Valor Adicionado Bruto (VAB) dos setores da agropecuária, da indústria e dos serviços nos municípios, no comparativo do ano de 2019 (último disponível) em relação ao ano de 2010.

Pode-se perceber, a partir da tabela 2, que em Presidente Lucena ocorreu uma considerável expansão relativa do Valor Adicionado Bruto (VAB) no setor industrial (768%) e do Valor Adicionado Bruto (VAB) no setor de Serviços (224%), pois, em relação a esses dois índices, foi o município com maior crescimento relativo no Vale do Paranhana-Encosta da Serra (COREDES, 2022). Verifica-se, também, que, em Presidente Lucena, foi o VAB do setor industrial que teve o maior crescimento relativo, entre os anos 2008 e 2018, um crescimento de 56% nesse período (SEBRAE, 2020). 

Por outro lado, verifica-se que o município que apresentou o menor crescimento percentual no mesmo período foi Três Coroas, destacando-se que houve dois períodos de queda no PIB, um de 5,80% de 2015 para 2016 e outro de 5,52% de 2018 para 2019. Um aspecto relevante, no que se refere a esse decréscimo, é que o VAB do setor da indústria terminou em queda de 9% ao final do período analisado.

Já em valores absolutos, o município de Presidente Lucena é o que possui o menor PIB, considerando-se todos os períodos, enquanto o município de Igrejinha é o que possui o maior valor dentre todas as cidades da região. O município que apresentou o pior desempenho de um ano para outro foi Santa Maria do Herval, com uma queda de 7,92% no PIB, de 2016 para 2017, enquanto o maior aumento, de um ano para outro, se deu no município de Lindolfo Collor, com 37,20% de 2013 para 2014. 

Analisando o VAB de Santa Maria do Herval, verifica-se que ocorreu uma queda nos setores, principalmente, da agropecuária e indústria. Em relação ao aumento verificado do VAB da agropecuária em Lindolfo Collor, em 2014, pode estar relacionado a um aumento na produção de feijão, mandioca e melão nesse ano. Também se constatou que, neste município, também houve um aumento relativo considerável no VAB dos setores da indústria e dos serviços, sendo este último o que obteve o maior crescimento (DEEDADOS, 2014).

Observou-se que o período em que houve o número mais expressivo de desempenhos negativos foi de 2015 para 2016, quando sete dos dez municípios apresentaram queda do PIB, de um ano para o outro. De acordo com a notícia da Gaúcha ZH (2017), em 2016 o Estado do Rio Grande do Sul já vinha com uma queda no PIB pelo terceiro ano consecutivo, sendo que nesse ano o estado apresentou uma queda de 3,1%.

Assim, é possível verificar que o PIB é um indicador econômico que serve tanto para comparar a produção de produtos e serviços entre regiões, municípios e países, como também é fundamental para a criação de medidas e políticas públicas para o aumento do desenvolvimento econômico e social (CNN, 2021).

Na análise da região do Vale do Paranhana-Encosta da Serra foi possível constatar que, em valores absolutos, o município de Igrejinha tem o maior PIB, marcado pelo maior potencial de consumo na cidade, sendo a fabricação de calçados e de bebidas alcoólicas destaque positivo nesse sentido. Da mesma forma, embora não sendo os municípios com maior PIB, pôde-se analisar que Morro Reuter, Rolante e Presidente Lucena vêm apresentando um crescimento contínuo, sem decréscimo durante o período estudado.

Por fim, é importante relembrar que o PIB é um índice síntese da economia, que permite compreender e comparar o crescimento de um país ou determinada região, mas que não leva em conta outros fatores importantes como distribuição de renda, qualidade de vida e educação. Além disso, não foi possível analisar dados mais atuais da região, uma vez que, após a pandemia causada pela Covid-19, não foram mais publicados dados relativos aos anos de 2020 e 2021.

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Referências

*Caroline Britto da Silva Silveira  e Denis Mattheus Medinger Kirsch são mestrandos no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Faccat.

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