Empatia ou irritação?

Diz Osho que “quanto maior a intimidade, maior a irritação”. Faz sentido, já que dificilmente nos irritamos com pessoas desconhecidas, a não ser em casos extremos. É muito mais fácil “descarregar” a raiva ou a frustração em quem nos conhece, nos entende e sabe porque agimos assim. A chance de ser perdoado ou entendido, nestes casos, é bem maior do que se você “meter a boca” em um desconhecido.

Isso é bem comum em qualquer família ou grupo de amigos muito íntimos e próximos. Quanto mais distanciamento, pior. A briga sempre será mais feia do que parece e a probabilidade de afastamento definitivo dessa gente será, proporcionalmente, bem maior.

Hoje temos uma palavrinha mágica, inventada para apaziguar os ânimos e tentar reverter essa lógica. Empatia está na moda e em qualquer comentário, o que não deixa de ser correto, mas não, necessariamente, obrigatório.

Como sentir empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro, quando não conseguimos nos “colocar”, efetivamente, e nem queremos? Essa obrigatoriedade ou disponibilidade aplica-se, talvez, aos que nos sejam muito caros e com afinidades, sentimentos, ações ou atitudes que nos digam algo, de fato, e calam fundo no coração. Fora disso, empatia por alguém que não nos representa ou não nos toca é algo a ser exercitado em longas sessões de meditação e yoga, algo que tenho tentado praticar ao longo dessa pandemia, mas, confesso, exige muito treinamento e disposição.

Portanto, não me peçam para acordar plena de empatia ou compaixão por pessoas que eu nem conheço. Mais fácil, para mim, me conectar com a natureza e os animais. Já os humanos, são poucos, ainda que eu respire e medite, todas as manhãs, emanando muita luz para todos os seres, e nisso estão incluídos os humanos, claro, apesar de eu ter minhas dúvidas se há alguma chance de redenção para essa espécie.

De qualquer maneira, prefiro continuar me irritando com os que estão bem próximos. Os demais, como políticos e afins, sequer sabem da ira que nos acomete quando de seus desatinos e pouco se importam com empatia, compaixão ou o que quer que seja, além dos subsídios que sustentam suas gordas contas bancárias com dinheiro público, bancado por nossos impostos.

Enquanto isso, melhor ficar íntimo de quem conhecemos, daqueles que nos sustentam em pilares fortes e verdadeiros, com amor, sinceridade e até alguma irritação, mas que nos ensinam o que é empatia e compaixão principalmente quando a coisa tá preta. Até porque quando tudo são flores é mais fácil ser amigo e empático, compassivo e amoroso.

Quero ver é segurar a mão de um estranho e não exigir nada em troca ou pior ainda, afastar-se com toda a coragem daqueles que, por motivos opostos, exigem tudo em troca de favores escusos.

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