Conheço raríssimas pessoas que são unanimidade em qualquer quesito. Poucas agradam ou são detestadas por uma maioria e muitas ficam no meio do caminho, aquele da mediocridade, que nada mais é do que o cidadão mediano, nem tanto do lado de lá, nem tanto do lado de cá. Médio, portanto, sem qualquer julgamento de valor.
O Álvaro Vicente, porém, sempre foi uma unanimidade e ainda é, embora tenha sido levado prematuramente por essa peste, sem chance de se despedir dessa gente toda que o amará para sempre. As postagens nas redes sociais, após a sua morte, nesta semana, nunca foram tão sinceras e, carinhosamente, de agradecimento verdadeiro por tê-lo como amigo.
Amigo e mestre da música, ofício que o levou a conquistar o coração de todos os seus pupilos, hoje enlutados, mas gratos, imensamente gratos, por terem aprendido muito mais do que acordes e partituras. Com ele, agregaram o valor da amizade verdadeira, da ingenuidade, da transparência, da solidariedade e do abraço fraterno, também nos roubado por esta pandemia.

Conheci poucos como ele, e olha que eu conheço muita gente por este mundo afora! Mas como o Álvaro, raríssimos. A música nos aproximou nos saraus e no projeto por ele idealizado, o Cordas Vivas. Foram anos, muitos anos de parceria que, tenho certeza, continuará por meio de seus alunos e dos grandes músicos que ele formou.
Eis o legado de quem cumpre sua missão com autenticidade, com verdade, com amor e vocação. Acostumados que estamos aos talentos forjados, são esses, como ele, que nos resgatam a esperança de que, mesmo raros, haverá outros que serão unanimidade e que, se tivermos sorte, cruzarão conosco o mesmo caminho.
Com todo o pesar, essa crônica é em tua homenagem, Álvaro Vicente! E, ainda que não possas lê-la, é certo que estás presente nas entrelinhas, essas que a gente não vê, mas que dizem muito sobre quem é unanimidade, como tu, uma raridade na vida de todos os amigos que deixaste aqui. A eternidade deve ser isso!
Sim, uma pessoa muito rara, uma pessoa que até me faz escrever algo……. como ele mesmo diria: “foi uma honra!”
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