A cultura do cooperativismo e a sua contribuição para o desenvolvimento das comunidades

A união de esforços em prol de um objetivo comum é a base do cooperativismo. Assim, a Sicredi Caminho das Águas destaca-se na região como uma importante mola propulsora de pessoas e negócios. É com base nos princípios de adesão livre e voluntária; gestão democrática; participação econômica; autonomia e independência; educação, formação e informação; intercooperação; e interesse pela comunidade; que atua junto às comunidades para promover o desenvolvimento onde está inserida. Ela é presença marcante em eventos e ações das mais diversas, apoiando de diferentes formas a realização dos mesmos.

Em entrevista exclusiva ao Drops do Cotidiano, o presidente do Conselho de Administração da Sicredi Caminho das Águas, Álvaro Link, fala sobre a importância do cooperativismo para o desenvolvimento e o trabalho que é realizado pela cooperativa de crédito. Ainda que a Sicredi tenha mais de 100 anos, a própria estruturação e os conceitos de cooperativismo organizados são mais recentes. “Tomar consciência do quanto especial era a nossa organização, da onde ela bebia, quais eram os princípios veio ao longo do tempo. Há cerca de 20 anos a consciência da relevância do cooperativismo se intensifica. Ela se dá com base em leituras, estudos e viagens e conhecendo mais lugares e exemplos. Além disso, percebemos no dia a dia as contribuições para a comunidade”, pontua. 

O início do cooperativismo

Recentemente, Álvaro visitou a Inglaterra, conhecendo o berço do cooperativismo. A missão internacional foi promovida pela Sicredi com o seu grupo de lideranças, com o objetivo de apresentar e beber das boas práticas lá existentes. “Estando presidente, o meu olhar é mais relacionado aos fundamentos, à essência e à história. Nós temos que ser os guardiões do modelo societário. Claro que olhamos também boas práticas de governança, liderança, desenvolvimento econômico…” explica. É inglesa a primeira cooperativa com os preceitos modernos de que se tem conhecimento, consolidada com os mesmos princípios que norteiam hoje. “O que se tinha antes era com uma pegada mais utópica e até inconsistente do ponto de vista da gestão, aqui se percebe algo exitoso. A primeira cooperativa nasce em 1844, em Rochdale, tendo como palco a revolução industrial. Houve uma reunião de interesses formada por tecelões com o objetivo de compra e venda, para comprar melhor e vender melhor, contribuindo com os negócios do grupo e buscando melhores condições de trabalho e vida em tempos difíceis. Concomitantemente, acontecia a revolução francesa, de viés ideológico e propondo a autonomia do ser humano com o lema de Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, conta Álvaro. Ele pontua ainda que esse processo da era das revoluções acontecia com o iluminismo como pano de fundo, com a ideia de trazer luz às trevas. A partir daí, acontece o empoderamento de operários, aglutinados como grupo e o crescimento dos movimentos sociais. “Esses movimentos inspiraram os primeiros movimentos de cooperativismo, com uma sociedade mais justa e empreendendo coletivamente, dividindo os lucros. Mesmo que ainda não tivesse esse nome”.

Álvaro Link assumiu a presidência da Sicredi Caminho das Águas em maio.

De lá para o Brasil

O padre jesuíta Theodor Amstad inspirou a criação de mais de 30 cooperativas no interior do Rio Grande do Sul. Montado em uma mula, difundiu os preceitos do cooperativismo em diferentes locais e hoje existe, em Nova Petrópolis, o Memorial Padre Amstad, onde é possível conferir mais sobre essa história. “Na Inglaterra, eles não têm noção que lá teve um padre que se ordenou, veio ao Brasil e hoje aqui tem estátua dele e foto nas agências. Ele é um ícone do cooperativismo de crédito no país”. 

Quando as ideias chegam a Rolante, onde é a sede da Sicredi Caminho das Águas, ele já não está mais junto, mas é dele a inspiração da ideia, impulsionados pelo padre alemão Jorge Annecken. O seu início é reconhecido pela “caixinha do padre”, na qual eram depositados valores que poderiam ser usados para promover o desenvolvimento da região. Com atuação nos vales do Paranhana e Sinos e Litoral Norte gaúcho, a instituição tem o propósito de liberar o potencial de pessoas e negócios.

Brasil hoje é modelo

Ao se deparar com o marco de início do cooperativismo e analisar o que existe lá e aqui, Álvaro celebra o quanto o Brasil é um exemplo de boas práticas para o cooperativismo financeiro por sua organização e resultados que gera. “Hoje o cooperativismo lá não é modelo, pois ele perdeu a capacidade de crescer. Com o passar do tempo e a história do país, o cooperativismo sentou mais na cadeira de solução social do que de solução de prosperidade e modelo econômico para gerar renda e financiar as atividades. É diferente da Alemanha que é modelo em cooperativismo de crédito, onde nós também buscamos inspiração”, explica. O presidente evidencia os pontos fortes do que é realizado no Brasil. “Hoje eles poderiam buscar cases aqui, sair da bolha. Eles não tinham nem ideia do que é o cooperativismo de crédito até o que nós mostramos. Aqui entende-se os princípios, o que é uma sociedade de pessoas e que o capital é meio para a prosperidade das pessoas, ao contrário de uma sociedade de capital, onde as pessoas são meio para o capital (dinheiro). Precisamos estabelecer uma gestão eficiente e crescer no mercado, porque se a gente não gerar resultado não tem como fazer esse desenvolvimento do nosso quadro social que vem na forma de vários projetos. É um modelo vencedor. O cooperativismo de crédito no Brasil é modelo para Inglaterra, Alemanha e todo o mundo”. Ele finaliza registrando que, embora haja situações e desafios a serem resolvidos, do ponto de vista da organização sistêmica é fantástico o que a Sicredi fez.

O cooperativismo no desenvolvimento da região

Do início da história, juntando as economias em caixinhas que poderiam ser usadas por quem precisasse para custear o desenvolvimento, vem a base do que se realiza até hoje. A lógica é buscar a riqueza local e a captação desta poder ser colocada a quem precisa e entende que pode empreender. “Isso gera um círculo virtuoso. Esse cara empreende, ele cresce, fica mais forte, a cooperativa confiou nele, ele vai confiar na cooperativa. Quando tiver excedente, vai colocar. E assim mais pessoas podem ser atendidas. Mais pessoas se juntam e esse movimento vai ficando mais forte. É isso que possibilita o empreendedorismo coletivo crescer e gerar resultado”. 

É a partir desse movimento financeiro positivo que o pilar do social pode ser desenvolvido. A Sicredi busca gerar condições emancipatórias, o que se faz com o crédito, mas também com com projetos diversos, incluindo educacionais. Esse é o impacto, pois é uma organização que potencializa a riqueza local”, pontua.

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