“O pensamento mágico é uma tentativa de escapar às ansiedades e conflitos, enfim, aos desprazeres tanto do mundo externo quanto do interno. Como se o ato de pensar pudesse controlar, explicar e até mesmo modificar a realidade, além de oferecer a impressão de estabelecer uma relação causal entre dois eventos isolados”.
Essa definição, por si só, explica coisas que o ser humano se nega a compreender e aceitar. Mais fácil, claro, do que pensar efetivamente que há eventos e acontecimentos que simplesmente não podem ser controlados, nem manipulados, nem explicados. Por isso, talvez, a proliferação de tantos charlatões e seitas, igrejas e crendices, deuses e mitos.
Com todo o respeito que cada crença merece, desconfie dos que prometem e fazem premonições sem qualquer fundamento, dos que se aproveitam da ansiedade alheia (e até cobram por isso) para anunciar o fim dos problemas e dos conflitos. A vida não vem com manual de instruções e nem com controle remoto.
Acredite no que te faz bem, mas deixe os outros pensarem em paz naquilo em que bem entenderem para também viverem em concordância com seu próprio mundo pessoal. Política, religião e futebol não se discute e está tudo certo, desde que cada um respeite o outro, mesmo discordando totalmente do que ele pense.

E assim seria o mundo mais harmonioso, se cada um aplacasse sua ansiedade do jeito que fosse possível, sem evocar pensamentos mágicos para escapar da realidade. Uma coisa normalmente não tem nada a ver com outra e basta um olhar mais atento e lá estamos nós, enredados em fantasias e repetindo as mentiras que queremos ouvir.
Aliás, ouvir a verdade e ver o que não queremos não tem nada de mágico. É a mais pura demonstração de descontrole sobre a vida e sobre o que há depois da curva. Ninguém sabe!
E por não saber, evoluímos esperançando, o que é bem melhor do que prever um futuro que não existe ou pagar para ver e ouvir aquilo que nunca acontecerá ou que se realizará apenas no imaginário, como válvula de escape disfarçada de qualquer coisa, até de nós mesmos.