O título de uma das músicas mais conhecidas do Queen, “We are the champions”, tem sido, ao longo de muitos anos, trilha sonora para vários eventos e diferentes situações. Talvez, neste momento, seja bem atual, quando todos nos sentimos, mais ou menos, campeões por termos sobrevivido à pandemia.
Mas o Queen é muito mais que essa música e o documentário Final Act, para quem tiver a oportunidade de assistir em streaming, revela emocionantes detalhes da vida de Freddie Mercury, vocalista da banda que morreu de uma outra pandemia, a de Aids, em 1991. Naquela época, a Aids acometia principalmente os homossexuais e usuários de drogas, o que foi fatal para milhões de pessoas, como Freddie Mercury, que morreu aos 40 anos, e ainda é para quem se expõe a este vírus, indiscriminadamente.
Sem vacina até hoje, a Aids tornou-se menos letal por conta de um coquetel de medicamentos que o doente precisa tomar para o resto da vida. Há sobrevida com efeitos colaterais, mas cabe alertar a todos, especialmente aos mais jovens e aos que esqueceram desse mal, diante da atual pandemia, que essa doença ainda mata.
Voltando ao documentário Final Act, onde a Aids reaparece encarnada no ídolo que encantou o mundo com sua voz inconfundível e única, reestabelecemos a conexão com aquele momento, quando todos eram bem mais jovens e para sempre serão na nossa memória, e imunes, aos olhos dos fãs, à qualquer mal ou pandemia. A Aids se encarregou de destruir parte daquele sonho, embora os demais integrantes e contemporâneos da banda Queen prossigam perpetuando a memória de Freddie Mercury por meio das suas músicas que fazem sucesso até hoje.

E ao assistir aos depoimentos emocionados e ao tributo em Wembley, realizado em 1992, em homenagem póstuma ao vocalista, dá um certo consolo em reconhecer e reencontrar alguns músicos da banda e de outros grupos, envelhecidos! Ciente de que nossos ídolos permanecem para sempre jovens e imortais na nossa lembrança, senti um certo alívio em saber que a maioria ainda está viva, enquanto outros que participaram daquele momento já tenham partido também, como David Bowie e George Michael, deixando seu legado musical e a mesma saudade.
Tendo a Aids como pano de fundo e como um alerta bem atual para tempos pandêmicos, como os de hoje, ver os ídolos que sobreviveram àquele momento, com seus cabelos brancos e rugas profundas, emociona e toca mais profundamente por estarmos vivenciando na pele, agora, outra época, em uma nova onda de outra pandemia que, neste caso do Corona vírus, já tem vacina, mas que também continuará entre nós, como a Aids, só que essa parece “coisa de filme” e, por isso mesmo, merece ser revisitada e repensada com este documentário.
Mesmo sendo campeões, é preciso lembrar que não somos imortais. É certo que o show deve continuar (The show must go on), Freddie, mas quem quer viver para sempre (Who wants to live forever)?