Quinze milhões de visons abatidos na Dinamarca por suspeita de transmitirem uma mutação do coronavírus comoveram o mundo, esta semana, assim como a morte do Maradona, já tão comentada e reverenciada, com toda a importância que ele tinha e merecia.
Eu gostava de Maradona com toda a sua polêmica e intensa vida, agora mais tumultuada ainda, após a morte, numa disputa que envolve bilhões em herança a ser compartilhada, até o momento, com onze (simmm!), onze filhos.
Mas eu quero falar dos visons e da hipocrisia humana que destrói o planeta, queima nossas florestas, mata e extingue milhões de espécies para transformar tudo em mercadoria, em dinheiro, em casacos para o frio.

Ora, sejamos francos! Assim como todo mundo amava Maradona, toda a humanidade consome produtos de origem animal em escala assombrosa, sem trégua. Agora, com o sacrifício massivo dos visons, esse bichinho chama a atenção pela fofura e beleza, e também pela crueldade do ser humano, ganancioso, que mata muito muito mais do que esses peludos para fazer casaco.
Destrói em escala planetária tudo o que vê pela frente e que possa transformar em dinheiro. Então, não me venham falar só agora dos visons. Olhem ao redor da sua aldeia e observem que já há motivos de sobra pra chorar por muito mais. Muitas espécies, que nem chegamos a conhecer, como esses visons, não existem mais, e isso bem antes do corona aportar por aqui e, não por acaso, talvez por causa disso.

Portanto, não me venham com esse discurso ecológico vestidos com seus casacos de pele. E também não julguem por falso moralismo um ídolo que usava drogas, álcool e que hoje virou mito. Tem coisa bem pior contaminando a mente das pessoas, que vicia muito mais, como essa ignorância sem fim que nos rouba o ar sem fumarmos, nos entorpece sem cheirarmos, nos embriaga sem bebermos e que nos mata intoxicados pela ganância!
Longe de fazer apologia às drogas, é hora de nos curarmos dessa outra dependência consumista exacerbada. Sobreviveremos à abstinência e, quem sabe, poderemos salvar o que restar dos visons e de nós mesmos.