A escrita como pilar da formação cultural

Aprender a ler é uma jornada—um compasso lento, marcado por descobertas íntimas e silenciosas. Tornar-se leitor é como decifrar a própria alma. Já a escrita, sua irmã inseparável, surge como um reflexo dessa leitura do mundo. É nela que criamos, preservamos, denunciamos e sonhamos. Ambas caminham lado a lado na formação cultural de um povo, moldando não só ideias, mas identidades.

Ler não exige pressa. Pode-se devorar páginas diariamente ou deixar os livros adormecidos por dias. Ainda assim, você permanece leitor. Porque ser leitor não está na frequência, mas na intimidade com as palavras.

Mesmo os leitores mais apaixonados convivem com o silêncio entre páginas, vencidos pelo cansaço ou pela vida. E tudo bem. Porque há dias em que as palavras sussurram; em outros, elas gritam. E há ainda aqueles em que apenas esperam. Como bons amigos.

O livro acolhe. Abriga. Transforma dias cinzentos em vastos universos. Pode ser lido de trás pra frente ou abandonado na metade sem culpa. Não há provas, nem métrica. Existe apenas o sentir.

Há histórias que nos aprisionam com um sussurro no parágrafo inicial, e continuam a ecoar muito depois do ponto final. E está tudo bem. É assim que a literatura habita em nós—como tatuagem invisível no espírito.

E escrever? Escrever é o gesto mais profundo de escuta. O escritor, antes de tudo, é um leitor que ousa responder. É ele quem transforma vivências em memórias coletivas, questiona silêncios, revira certezas. Na caneta do escritor repousa o poder de eternizar culturas, de dar nome às dores e fazer da ficção uma forma de verdade.

Celebrar o 22 de junho, Dia do Escritor Rolantense, é valorizar quem dá voz à nossa terra, quem transforma as histórias locais em heranças imateriais. É reconhecer que por trás de cada palavra escrita pulsa o desejo de compreender e melhorar o mundo.

A escrita é, portanto, um gesto político e poético, uma trilha pela qual a cultura se transmite, se preserva, se renova.

Então leia. Escreva. Sinta. Releia. E quando as páginas parecerem silenciosas, lembre-se: as palavras esperam. Sempre esperam. Porque o verdadeiro leitor e o verdadeiro escritor sempre encontram seu próprio tempo.

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