Quem é o seu leitor?… 

Ao escrever, confesso sentir certa inquietude sobre quem lerá “meu escrito”. Naturalmente, direciono o gênero ao público leitor, conhecendo as características de cada um e a intenção do texto. Sei que o escritor, esse ser imaginativo e sensível, muitas vezes se vê assombrado por uma pergunta constante: “Quem é o seu leitor?”. Essa inquietude, que tanto inspira quanto paralisa, permeia os momentos de criação, revisão e até mesmo de divulgação de suas obras.

Portanto, ao escrever textos literários, pense no seu leitor como um coautor. Para os católicos, por exemplo, a palavra de Deus é uma semente fecunda que gera vida. Ou seja, ela não é apenas um testemunho escrito e cristalizado, algo inerte e estagnado. Ela é viva e revive no leitor conforme ele interpreta o texto. A ideia é que o leitor seja um coautor. Isso não se aplica somente a textos de tradições católicas; no momento da leitura, o leitor se permite ver, se permite discernir. É como se o texto fosse um instrumento que possibilita perceber coisas que ele não perceberia sozinho, sem aquela leitura. Dessa forma, tão importante quanto o texto em si é a maneira como ele é lido.

A vontade de se conectar é intrínseca a qualquer ser humano, e para nós, escritores, isso é ainda mais forte. Há uma esperança de que as palavras ressoem, tragam conforto, provoquem reflexões ou despertem sentimentos profundos. No entanto, essa mesma esperança pode se tornar uma fonte de angústia. Cada linha, cada parágrafo, é imbuído com a expectativa de que alguém, em algum lugar, entenda e aprecie aquilo que foi escrito. A verdadeira agonia reside na incerteza. Um escritor nunca saberá completamente quem lerá suas palavras, como elas serão interpretadas ou que impacto terão. Essa incerteza, embora avassaladora, também é parte do fascínio da escrita. É o que torna cada ato criativo uma aventura, uma exploração do desconhecido.

Assim, as agonias do escritor sobre quem é o seu leitor são, na verdade, um reflexo de sua própria luta interna entre a busca por autenticidade e a necessidade de validação. É um processo contínuo de descoberta, frustração e, ocasionalmente, de satisfação, que define a jornada literária.

E você, o que acha? Essas angústias lhe parecem familiares em algum aspecto?

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