Espetáculo com temática trans, Corpo Casulo integra a programação do Porto Verão Alegre

O espetáculo Corpo Casulo levará a temática trans para a programação da 26ª edição do Porto Alegre, evento multicultural que acontece de 09 de janeiro a 16 de fevereiro com mais de de 160 atrações de teatro, música e dança espalhadas por 19 palcos. Serão três exibições (dias 28, 29 e 30 de janeiro), sempre às 20 horas, na Sala Álvaro Moreyra, no Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, na Capital Gaúcha. Na peça, um corpo inicia um processo de metamorfose – tece seu próprio casulo e se desprende do que não lhe cabe mais. Refaz-se e redescobre-se. Um corpo contador de histórias; histórias de quem veio antes, de si e de muitos outros, entrelaçadas pela vivência da transgeneridade.

Corpo Casulo tem como tema central a transgeneridade e é encenado por Gustavo Deon, uma pessoa transmasculina. Ele é artista, formado em Teatro pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e produtor cultural, com foco no desenvolvimento de projetos de impacto social que acessibilizam arte, cultura, educação e acolhimento. O espetáculo conta com a co-direção da três-coroense Luka Machado, atriz, produtora cultural, gestora de projetos e comunicadora.

A narrativa do espetáculo apresenta as vivências de um corpo transmasculino, costuradas a histórias de outras pessoas trans e a Memória Social em que se vive culturalmente. O trabalho é um monólogo, construído a partir do conceito de Biodrama, de Viviana Tellas, e de experimentações corporais fundamentadas na performance e inspiradas na dança contemporânea.

No Brasil, a expectativa de vida de uma pessoa trans branca é de 35 anos e 28 anos para pessoas trans negras. Segundo pesquisas, entre os anos de 2017 e 2022, período em que a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) passa a fazer o Dossiê de Assassinatos contra Travestis e Transexuais Brasileiras, foi levantado um total de 912 (novecentos e doze) assassinatos de pessoas trans e não binárias brasileiras. Sendo 131 casos em 2022; 140 casos em 2021; 175 casos em 2020; 124 casos em 2019; 163 casos em 2018 e; 179 casos em 2017 (o ano com o maior número de assassinatos de pessoas trans na série histórica). O Brasil é líder no ranking de assassinatos de pessoas trans pelo 16º consecutivo.

Somente em 2023, foram 145 pessoas trans assassinadas, 136 eram travestis e mulheres trans. As outras 9 pessoas eram transmasculinas. Entre elas, pelo menos 72% eram pessoas pretas. O Brasil tem uma média de 12 pessoas trans assassinadas por mês. Isso fora os casos não registrados.

Segundo o ator Gustavo Deon, após analisar todos esses dados que afetam diretamente a população trans, o espetáculo busca alternativas para diminuir esses impactos e de alguma forma, contribuir para a visibilidade da pauta. “Visibilidade para nossa existência, visibilidade para nossos talentos em diferentes âmbitos sociais, visibilidade para toda a potência que podemos ser. Queremos alcançar tudo que podemos e que temos direito, através da circulação de criações provocativas com senso de responsabilidade, compromisso social, identificação e denúncia”.

Luka Machado completa destacando que identificação gera o coletivo e o coletivo fortalece o individual. “A representatividade se torna essencial e necessária para a construção de si e para uma possível rede de apoio e partilha do que nem sempre é acessível. Somos somas de vivências, somos a estatística que permanece viva e buscamos formas de expressão para não mais sofrer de forma passiva os danos da desinformação e da ignorância”.

O espetáculo é uma realização do Intransitivo, coletivo formado integralmente por artistas trans, com diferentes linhas de pesquisa e áreas de atuação. Em 2021, o coletivo produziu e dirigiu o filme documentário “Intransitivo: Um documentário sobre narrativas trans”, que traz recortes de vida de oito pessoas trans, de diferentes pontos do Rio Grande do Sul. O documentário é pioneiro em ter 100% de protagonismo trans, em frente e por trás das câmeras, com objetivo de quebrar estigmas e combater o transfake (prática transfóbica que afasta pessoas trans do mercado de trabalho e contribui com a transfobia estrutural), com participação no Festival Internacional Queer Lisboa 2023 e 2024, Fabulous Independent Film Festival FIFF 2023 – Flórida e Merced Queer Film Festival 2023 – Las Vegas, onde recebeu uma menção honrosa.

SERVIÇO

  • QUANDO: Dias 28, 29 e 30 de janeiro, às 20h
  • ONDE: Sala Álvaro Moreyra, no Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues – Av. Érico Veríssimo, 307 – Azenha, Porto Alegre – RS, 90160-181
  • QUANTO: Inteira- R$ 60,00
    1⁄2 Entrada- R$ 30,00 (idosos, estudantes e doadores de sangue)
    Banri- 20% desconto
    Unimed- 50% desconto
    INGRESSOS ANTECIPADOS:
    https://ingressos.portoveraoalegre.com.br/event/13/corpo-casulo
  • CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: 12 anos
  • DURAÇÃO DO ESPETÁCULO: 50 min
  • ACESSIBILIDADE: Intérprete de Libras (no dia 29); acesso para pessoas com baixa mobilidade ou que utilizam cadeiras de rodas.

FICHA TÉCNICA:

  • Direção: Gustavo Deon e Luka Machado
  • Dramaturgia: Gustavo Deon, com contribuições de Luka Machado
  • Elenco: Gustavo Deon
  • Participação: Luka Machado
  • Iluminação e operação de luz: Titi Bayarri
  • Trilha sonora: Ayô Tupinambá
  • Operação de som e projeções: Vigo Cigolini
  • Produção: Gustavo Deon e Luka Machado
  • Produção de Palco: Kairo Ferreira
  • Equipe de apoio: Aldrin Xavier e Helena Soares
  • Gerenciamento de redes sociais e criação de conteúdo: Luka Machado
  • Assessoria de imprensa: Gustavo Deon e Luka Machado
  • Fotografia: Gabz 404
  • Intérprete de Libras: PARA TODOS
  • Apoio: INTRANSITIVO


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