Muitos me perguntam de onde vem esse dom, essa inspiração, esse talento. Pois bem, nem eu mesmo sei ao certo. Não posso afirmar que tenho algum dom especial ou algum talento nato e também não sento para escrever e a inspiração surge como uma pomba branca da paz, trazendo novas ideias. Não, não é assim. Existem diferentes gêneros de textos e propósitos. Meu trabalho enquanto escritora de textos literários é fruto de muito esforço, de muitos “rascunhos” e de muita dedicação. Por inúmeras vezes, começo a escrever, apago tudo, reescrevo e apago novamente, porque nem sempre está bom, nem sempre eu acho que está bom. 

Então, posso dizer-te que a inspiração nem sempre é doce, nem sempre aparece facilmente. Mas mesmo assim, eu trabalho. Eu continuo trabalhando, continuo escrevendo, porque sou apaixonada pela arte da escrita. Para isso, leio muito, busco referências, mergulho em diferentes universos. Todas as minhas experiências e vivências servem de base para meus textos, para meus personagens. E meus personagens não me representam diretamente; eles têm suas próprias vivências, suas próprias experiências, enfrentam seus próprios problemas e dificuldades. Escrever é isso: é criar mundos, é explorar o desconhecido, é transmitir sensações e sentimentos que nem eu mesmo vivi.

E nesse sentido, não podemos atribuir a inspiração a algo automático, como se fosse uma psicografia de inteligência e vontade. Para o escritor, o processo criativo representa a soma de fraturas, falhas, tristezas e, por outro lado, de tudo aquilo que é belo e significativo. Ele cria outra face de sua existência, na qual pode encontrar gestos de heroísmo, coragem, força moral, bondade e, da mesma forma, alegria.

O trabalho do escritor é saber unir os aspectos opostos da vida, é saber aproveitar as falhas e as qualidades, transformando-as em algo significativo e belo. Escrever é um ato de perseverança, de descoberta e de expressão. É a junção de tudo que somos e de tudo que podemos ser, sempre em busca de novas possibilidades e novas inspirações.