Seja um observador 

O escritor é também um bom observador, torne-se um observador atento da realidade e do comportamento humano, pois quem escreve precisa prestar atenção a tudo. Como eu sempre repito para os meus alunos, o escritor precisa ser um mestre da atenção, não pode esquecer que a realidade inteira está à disposição dele. E, neste sentido, tudo é útil. Não deixe escapar nada. Fique atento à vida. Seja curioso. Não acredite que a realidade é só o que está na sua cabeça. Muita gente tem essa ideia limitante hoje em dia, mas veja: o que está na sua cabeça não é a realidade, apenas uma projeção da realidade.

Primeiro passo: esteja atento a tudo e a todos. Ser escritor também exige que você preste atenção em você mesmo. Exige que você olhe para dentro de você e perceba as suas diferentes reações diante de cada coisa que ocorre no seu cotidiano. Se a sua vontade de escrever é despertada por qualquer mínima coisa, então é porque já surgiu dentro de você um núcleo de significado que está pedindo para ser expandido, para ser ampliado, para ganhar vida, para se transformar em palavras. 

Segundo passo importante é sair da hesitação e começar a formar uma história, como transformar esse primeiro impulso em algo que pode ser contado, narrado – em algo a respeito do qual você pode desenvolver uma reflexão. E, há duas soluções possíveis para sair dessa hesitação: a primeira solução possível é, antes de começar a escrever, pensar no seu leitor. Não pensar em qualquer leitor. Mas pensar num leitor específico. Pense assim: esta situação, este fato, esta ideia que eu quero desenvolver, quem, dentre todas as pessoas que eu conheço, poderia se interessar realmente por esse assunto? Para quem eu poderia contar essa história?

Desta forma, a prática da escrita exige uma combinação de atenção externa e introspecção, aliada à coragem de dar vida às ideias através das palavras. Ao seguir esses passos, o escritor não só aprimora sua técnica, mas também encontra uma maneira mais significativa e pessoal de se conectar com seus leitores. A escrita, então, torna-se uma ponte entre o observador e o observado, entre o íntimo e o universal, enriquecendo tanto a vida do escritor quanto a de seus leitores.

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