A Orquestra Eintracht preparou uma homenagem ao Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil, feita por meio da música. Uma trilha sonora que revela momentos marcantes de uma jornada emocionante. O espetáculo “Trilhas da Imigração. 200 anos: uma jornada musical” chegará a Igrejinha no próximo sábado (23), às 19h30. Com entrada gratuita, a apresentação acontecerá no Pavilhão 2 do Parque de Eventos Almiro Grings. Os participantes são convidados a levar um litro de leite, que será doado para a Apae.
O espetáculo comemora o Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil, os 40 anos do Centro Cultural Eintracht, de Campo Bom, e os 30 anos da Orquestra Eintracht e é financiado pelo Ministério da Cultura através do projeto Música nas Comunidades. O concerto tem música, imagem, narração e fecha com chave de ouro com o grupo de dança e o convite para todos os presentes dançarem também. O espetáculo tem a regência do maestro Ademir Schmidt, com direção de Fernando Ochôa e Ângela Gonzaga.



*Fotos do espetáculo no Theatro São Pedro: Elson Sempé e Siderlei Didati
Sobre o programa apresentado:
De uma Alemanha empobrecida, que com a industrialização já não absorvia o excesso de mão de obra, com poucas terras e assolada pela fome, sem perspectivas, a emigração representou a esperança, uma promessa de fartura no Brasil. Ao som da 5ª Sinfonia de Beethoven, também conhecida como a Sinfonia do Destino, se dá a partida rumo ao desconhecido. A chegada não foi exatamente como o esperado. A ajuda prometida não se confirmou, mas o trabalho, esse sim, veio em dobro, e junto com ele a utopia de um mundo melhor. Na trilha, devaneios entre as memórias musicais e sonoras, e os encontros com novas sonoridades. |Concórdia|
Sem saber sobre como a vida seguiu por lá, longe de suas referências, sequer souberam da última. Sim, Beethoven, já quase sem audição, compôs em 1824, sua última sinfonia, a 9ª. E a saudade quase sem tempo de ser sentida, encontra consolo nas notas de Richard Wagner e nos poemas de Goethe. |Pilgrims Chorus|
Em busca de força para seguir, se forma uma comunidade de fé, e se erguem os pilares da colônia: uma igreja, uma escola e um cemitério. Na trilha a celebração da fé com Johan Sebastian Bach – Jesus Alegria dos Homens
A filósofa Hannah Arendt ajuda a compreender e sentir em sua poesia o desenrolar da história, nem sempre lúcido, como a trágica história dos Muckers, embalada pela trilha sonora de Jaques Morelembaum, Dia-a-dia e Ferrobrás, para o filme a Paixão de Jacobina. Cristãos contra cristãos, a fé tão necessária, não pode ser motivo de intolerância. A mulher Jacobina que longe de todo e qualquer recurso, acolheu mulheres exaustas pelo trabalho duro, pelo cuidado com dezenas de filhos, e com a saúde debilitada. Lhes deu de comer, um lugar de descanso para recuperarem forças, e todo o tipo de ervas que a terra oferecia para tentar curar doenças. O que lhes restava era rezar, cantar hinos, e esperar por alguma melhora. A recuperação de alguns, atraiu muitos, em busca de cura, e atraiu a atenção daqueles que julgaram, perseguiram e mataram Jacobina por bruxaria.
Novos e velhos conhecimentos e experiências se acomodando a vida na colônia. Na bagagem de várias levas de imigrantes, além da Bíblia, vieram Voltaire com o Iluminismo, Locke com o Liberalismo, Marx com o Materialismo, Allan Kardec com o Espiritismo, Darwin com a evolução das Espécies. Com tantos questionamentos um mundo de pensamentos se abria e uma vida dura se impunha ao pensamento.
A vida se reorganiza até que eclode a grande guerra na Europa, e três atos da Ópera dos 3 Vinténs, de Bertolt Brecht e Kurt Weill, composta no período entre guerras, se faz trilha em nossa jornada. Coroada com um poema de Brecht.
Forjada pelo trabalho e seus sons, a vida da colônia e da cidade se mostra por meio de uma performance percussiva, que avança sobre o tempo. Tempo que oscila, e revisita, e lá do barroco alemão, traz a harmonia do Kannon em Ré Maior de Pachelbel para o rock, que expande épocas e fronteiras.
Até que, enfim, cai o Muro de Berlim, e a canção de Klaus Meine, da banda Scorpions, Wind Of Change, se tornou símbolo da reunificação da Alemanha e do fim da guerra fria. Na vanguarda da música Pop dos anos 80, no Da Da Da, da Banda Trio, o idioma alemão não impediu que ela se tornasse um hit internacional. E, na nossa jornada, desafia-se o público a cantar.
Muita coisa aconteceu em 200 anos, muita luta, mas muita alegria. Por aqui, os imigrantes, influenciados por diversos ritmos, criaram formas simples de comemorar nas suas comunidades, e o que não falta por aí é festa boa! Num medley das mais pedidas nos bailes da colônia, a plateia é tirada para dançar. | Liechtensteiner polka / O Verão Sempre Vai Voltar – Os Montanari / Feliz Em Festa – Banda Eccos / Roubaram meu Frühstück – 3 Xirus|