Poesia que retrata e traz alento frente às dificuldades, assédios e desafios de ser mulher. Assim é “Travessias”, livro da poeta Jéssica Gonçalves, que será lançado no próximo sábado (26). Trata-se de um livro feito por mulheres para mulheres. Além dos textos da poeta, a ilustração e a diagramação são de Ana Rocha, e a edição e revisão por Naiana Mussato Amorim. O livro foi realizado com recursos do edital cultural “Tem cultura em Canela edital 08/2023”. Através da produção gráfica do livro, ela propôs como contrapartida um clube de leitura para mulheres que acontece na área rural de Canela. “Foi assim que esse livro veio ao mundo. Até a última mulher da Terra se amar, eu poetizo”, declara a artista
A escritora conta que, quem já leu, está dizendo que encontram no livro muita sensibilidade. “Acredito que a expectativa seja esse florescer da sensibilidade em si mesma” e fecha com poesia:
“quando a poesia acabar
seguir sensível aos olhos”
Atualmente, Jéssica mora em Canela, mas anteriormente morava em Igrejinha. Já é autora de “A viagem é a recompensa”, e-book sobre um intercâmbio cultural que fez na Bahia (2021), e “Galáxia das artes”, uma história em poesia infantil (2022), ambos lançados de forma independente. “Eu sou uma mulher corajosa e amante da natureza, fiel aos saberes que vem dela e das mulheres. Atualmente estou trabalhando com cultura, tanto nas produções culturais como nos palcos com teatro, contação de história e poesia. Meus hobbies são ler, amo ver filmes e estar perto da natureza, amo dançar e estar com minha família e amigas”.

O lançamento de “Travessias” será no Bar Sagestone, ao lado do Teatro Municipal de Canela, no sábado (26). A partir das 18 horas, haverá sessão de autógrafos e, na sequência, Sarau e palco aberto com artistas locais, onde toda comunidade é bem vinda. O livro está sendo comercializado no valor de R$ 35,00 diretamente com a autora pelo Instagram @poeta_jess ou no WhatsApp 54 98128.3968.
Drops do Cotidiano: Sobre o que é o teu livro?
Jéssica Gonçalves: Escolhi minhas escritas favoritas para reunir nele, gosto de dizer que a temática é sobre minha mania de criar sonhos num corpo que já foi violência. Nele abordo como a escrita e a poesia foram fundamentais pra ressignificar violências que eu já sofri, como abuso sexual, abandono paterno e tantas relações tóxicas que eu já tive. A violência contra a mulher é uma das maiores causadoras de depressão entre nós, ela é silenciosa e cotidiana e sem uma investigação profunda da nossa história demoramos para entender o quanto é importante saber dizer não a pessoas e lugares que não nos respeitam. A literatura e a arte me trouxeram possibilidades e com esse livro minha intenção é despertar sensibilidade, primeiramente na sua própria história e depois quem sabe com alguma expressão artística desafiar as pessoas a saírem do seu lugar comum a arte faz isso com nós, um território novo no próprio corpo. Por isso falo muito da nossa relação com o corpo também. Travessias entre o corpo e a palavra. Um dando condição de liberdade para o outro.
D: Como foi o processo de criação do mesmo?
J: O processo de produção foi demorado, levou quatro meses desde a primeira edição onde reuni as poesias. Elas já estavam prontas, é raro eu modificar uma poesia, do jeito que escrevo, fica. As prosas também, mas trabalhei bastante nelas antes de enviar pra editora.
D: Como a literatura e a poesia surgiram na tua vida?
J: A literatura surgiu na minha vida aos 13 anos, quando comecei a ler e escrever depois da perda de um irmão, o Valde. Ele era poeta e depois da morte dele eu resolvi que iria celebrar a vida através da poesia por agradecimento a quem ele foi em vida, uma pessoa cheia de amor. Meu irmão Amarildo também sempre me incentivou a ler e a buscar o conhecimento. O primeiro livro que eu li foi ele quem me deu “O mundo de Sofia” e aí ‘boom’ explodiu o coelho fora da cartola hahaha e nunca mais parei de ler.