A escrita e a memória são como velhos amigos que se encontram em uma encruzilhada, compartilhando segredos e histórias. Você já prestou atenção no Silêncio das Palavras? Eu neste momento, me deparo com a caneta que desliza sobre o papel, e o mundo se abre. A escrita é um ato de coragem, um mergulho profundo na piscina das lembranças. Cada palavra é um fragmento de nós mesmos, um eco do que fomos e do que desejamos ser. Mas, ao mesmo tempo, há um silêncio nas palavras. Elas escondem mais do que revelam, como fotografias desbotadas guardadas em uma gaveta empoeirada.
A nossa memória é um palimpsesto, uma superfície onde as histórias se sobrepõem. Escrevemos por cima do que já foi escrito, apagando e reescrevendo, mas os vestígios permanecem. Às vezes, encontramos trechos apagados, letras que insistem em emergir. São os fragmentos que resistem ao esquecimento, como marcas na pele que contam nossa trajetória. E, dessa forma buscamos o sentir ou o sentido. Ao escrever transformamos memórias em narrativas, costurando os retalhos do passado em histórias coerentes. A escrita nos permite organizar o caos das lembranças, encontrar padrões e significados. Mas, ao mesmo tempo, sabemos que há lacunas, espaços em branco que nunca poderemos preencher completamente.
O tempo é um tecido frágil e a escrita é sua agulha. Quando escrevemos, dobramos o tempo sobre si mesmo. O presente dialoga com o passado e o futuro espreita nas entrelinhas. As palavras são pontes que atravessam os anos, conectando momentos distantes. E, assim, a memória se torna um caleidoscópio, revelando diferentes facetas conforme giramos suas peças.
Por fim, há beleza no esquecimento. As lembranças se desvanecem, mas deixam rastros poéticos. Como folhas secas que caem no outono, elas se misturam ao solo da nossa mente, nutrindo o solo para novas histórias. A escrita, então, é um ato de resgate e celebração. Cada palavra é um fio que tece nossa identidade, mesmo quando o tecido é frágil e cheio de buracos. Assim, continuamos a escrever, a costurar fragmentos, a dançar com a memória. Porque, afinal, somos feitos de histórias, e a escrita é nossa forma de eternidade.