Estimado Papai Noel,

Dirijo-lhe esta missiva com o pó do giz ainda a impregnar-me as mãos e o coração pleno daquela esperança tenaz que apenas nós, docentes, ousamos acalentar. Neste ano, meu rogo não se limita a uma caixa adornada por laços de fita, tampouco ocupa espaço físico em vosso trenó. Contudo, trata-se do presente mais denso — e, simultaneamente, mais leve — que ouso conceber: desejo que, neste Natal, o senhor conceda a cada criança o acesso irrestrito ao universo dos livros.

Testemunho, cotidianamente, o brilho no olhar de um discente ao descobrir que aqueles caracteres diminutos constituem, em verdade, portais. Causa-me desalento, todavia, saber que, para muitos, tal portal se encerra ao soar do sinal escolar.

Meu pedido consubstancia-se nos seguintes pontos:

  • Plenitude das estantes: que nenhum suporte permaneça vazio e que cada lar possua, ao menos, uma obra que lhe pertença, a fim de que a leitura transcenda a obrigação escolar e torne-se um afago ao findar do dia.
  • Universalização das narrativas: que as crianças dos centros urbanos e das comunidades mais recônditas gozem do mesmo direito de desbravar reinos distantes, heróis inverossímeis e mundos onde a possibilidade é soberana.
  • A imaginação como força motriz: que o acesso à literatura desperte o senso crítico, a alteridade e a convicção de que a própria realidade pode ser por elas redigida e transformada.

Papai Noel, livros são sementes. Convido-o a disseminá-las por todas as mochilas e cabeceiras, transmutando vosso saco de brinquedos em uma biblioteca itinerante por uma única noite. O mundo que emerge de uma criança leitora é o mais sublime presente que a sociedade pode auferir.

Com esperança e gratidão.

Assinado: professora

Recomendações Literárias

Adquira e presenteie outrem com obras de autores consagrados, amigos e escritores de vossa municipalidade e região. Na qualidade de leitora assídua e entusiasta, afirmo-lhe, com convicção, que encontrará narrativas belíssimas e envolventes, aqui no Vale do Paranhana.

Como professora, entusiasma-me o reconhecimento de nossa identidade local, manifesta nas inúmeras obras de escritores de nossa região — que compreende Taquara, Igrejinha, Parobé, Três Coroas, Rolante e Riozinho. Posso asseverar que há aqui um movimento literário pulsante, focado na preservação da memória e na pluralidade de vozes.

Destarte, se estiver na região, visite as livrarias, as bibliotecas municipais ou os centros culturais. Muitas dessas obras advêm de edições independentes, sendo encontradas com maior facilidade nesses espaços ou diretamente com seus autores. Em Rolante, há um movimento literário vibrante, impulsionado sobremaneira pela Confraria dos Escritores de Rolante. O grupo demonstra tal ativismo que o município instituiu o dia 22 de junho como o Dia do Escritor Rolantense. Caso deseje realizar uma leitura imediata, busque a obra Contos e Poemas, da referida Confraria; trata-se de um excelente compêndio da diversidade de estilos — do clássico ao contemporâneo — existentes em Rolante. Outrossim, dispomos do Coletivo de Escritores e Artistas do Paranhana (CEAP), que se configura como o principal motor da cena artística e literária contemporânea local.

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