Tente achar alguma brecha, um pouco de luz e bom senso, quem sabe um ato de compaixão, menos exibicionismo e mais humanidade em meio à galeria de horrores, físicos e psíquicos, que as pessoas estão vivenciando. Ainda que seu feed insista em lhe vender felicidade, é certo que ali não há nada, além do nada.
Este vazio vem permeando mentes jovens (outras nem tanto) em busca de algo que não existe na vida real, esta sim, a única aliada de quem não foge, de quem tem a milenar sabedoria de estar presente e contente com sua existência, seja ela como for.
O espelhamento pode embaralhar sua mente e seus atos e embaçar o espelho para sempre. Sem nítida visão, tornam-se os humanos essa massa de manobra, presas fáceis, absortos no próprio umbigo e infelizes por natureza. A manada segue e é seguida por ninguém ou por esses alguéns que piscam entre um post e outro, tendo ao fundo aquela trilha sonora repetitiva, tão chata quanto essa gente.
Mesmo assim, sempre há tempo para achar uma brecha, uma fresta, uma trilha, um amigo, um olhar, uma conversa de bar que salve alguém desse nada que está enlouquecendo pessoas sadias. Sem autoajuda, sem piedade, apenas para algo além da rasa inteligência exibida em redes sociais como troféus do que não passa de ignorância sem fim.
Não se demore nesse lugar horroroso, espie rapidamente para não perder a vida que descortina o mundo ali na janela da sua própria casa. O tempo voa para quem não aprendeu a bater asas, como os pássaros. Lenta e silenciosamente, lá estão eles, entre árvores e flores, planando, flertando, flutuando, existindo, apenas.
Existimos silenciosamente, também, caso alguém ainda não tenha se dado conta. O barulho e os ruídos externos não dizem nada sobre quem somos realmente. Aprenda a ouvir os rumores, gritos, sussurros e os seus medos internos. Ser leve talvez seja a grande libertação para poder olhar para fora, sem esquecer e, até, quem sabe, aprender a lidar com o horror nosso de cada dia.