Eu adoro conversar com gente curiosa, inteligente e bem humorada. E, entre essas conversas, uma pessoa me perguntou: “_ Ana, quando você escreve você esconde fatos, ou os altera por receio de ser mal interpretada?” Uauu, pensei! E, claro que um bom sorriso foi a resposta, mas fiquei pensando nisso. E, são nessas nuances da escrita que a verdade muitas vezes se esconde, pois ela fica entre o texto escrito pelo autor e o texto interpretado pelo leitor. Eu quando escrevo procuro prestar atenção ao gênero e ao possível público leitor. E, claro que a pergunta ficou desafiando os meus pensamentos, a explorar o que, de fato, acontece no processo criativo e interpretativo da escrita.
Escrever é como navegar em um oceano de nuances. A verdade, muitas vezes, parece esconder-se nas entrelinhas, habitando o espaço sutil entre o que o autor escreve e o que o leitor entende. Essa zona é onde a mágica e os desafios da comunicação textual se encontram. Quando me sento para escrever, procuro levar em consideração dois elementos fundamentais: o gênero e o público leitor. Esses aspectos atuam como bússolas, guiando o tom, o vocabulário e até mesmo as estratégias narrativas utilizadas.
Por exemplo, ao redigir este texto, considero que será lido por um público que lê site cultural (DROPS do COTIDIANO) e possivelmente aprecia reflexões e dicas sobre escrita. Com isso em mente, assumo uma abordagem mais intimista e prosaica, conversando diretamente com leitores que compartilham da minha paixão pela arte das palavras. Já ao criar textos poéticos, outra dinâmica se instaura: a estrutura, o lirismo e o conteúdo são moldados conforme o tema e o público-alvo — seja ele infantil, juvenil ou adulto.
Escrever é um ato de comunicação com inúmeras camadas. Cada escolha de palavra, cada construção de frase carrega uma intenção, mas também uma abertura para interpretação. É nesse espaço de coexistência entre a intenção do escritor e a percepção do leitor que a escrita realmente ganha vida, revelando-se não apenas como uma arte, mas como um diálogo. Afinal, escrever é compartilhar, mas também é permitir que o outro interprete e, quem sabe, descubra verdades únicas no texto.
E, você… acha que, em algum momento, as intenções do escritor podem ser totalmente captadas pelo leitor, ou sempre há espaço para interpretações pessoais que divergem da ideia original?