Como escritora, atribuo à leitura um papel essencial e indispensável para o aprimoramento da minha escrita. Na semana passada, em conversa com meus alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, um deles comentou: “Estamos o tempo todo expostos a mensagens de texto, memes e imagens ofensivas e preconceituosas, e precisamos fingir que não vimos, que não lemos.” Essa observação poderosa traz à tona um dos grandes desafios da era digital: o fluxo incessante de informações e a necessidade de lidar com conteúdos, muitas vezes tóxicos e indesejados, sem permitir que eles nos afetem profundamente.
Como decidir o que ler e como filtrar, quando estamos, de fato, imersos em um ambiente onde imagens, memes, textos e mensagens surgem a uma velocidade avassaladora, sem qualquer filtro ou controle, abordando desde preconceitos explícitos até formas sutis de exclusão e ofensa? É um dilema interno constante: reagir, ignorar ou absorver, mesmo que contra nossa vontade. Essa imersão exige não só resiliência emocional, mas também um senso crítico cada vez mais apurado para avaliar o impacto dessas mensagens.
Além disso, é necessário refletir sobre a ideia de que “nunca se trata de qualquer leitura”, que pode ser interpretada como a constatação de que, em meio ao excesso de conteúdo, muitas vezes faltam leituras significativas, debates profundos e uma valorização do pensamento crítico. Em um cenário tão ruidoso, estimular a análise e a reflexão torna-se indispensável.
A partir do comentário do aluno, propus atividades de análise e discussão sobre essas mensagens, memes e imagens, questionando seus significados, impactos e a responsabilidade por trás de quem as compartilha. O objetivo foi transformar a postura passiva de “fingir que não vimos” em uma oportunidade para criar uma comunidade mais reflexiva e empática.