[Artigo] Representatividade não é concessão, é urgência

* Por Marcelo Monegal

O racismo não é um problema dos outros, distante ou abstrato. Está nas escolhas que fazemos, nos espaços que ocupamos, nas histórias que contamos – ou silenciamos. No Dia Internacional Contra a Discriminação Racial (21 de março), não basta relembrar a data; é preciso encarar a realidade: a desigualdade racial no Brasil persiste porque foi construída e mantida por séculos.

O audiovisual tem sido um dos reflexos dessa desigualdade. Quando crianças negras crescem sem se ver como protagonistas, sem heróis ou referências positivas, o impacto vai além do entretenimento: atinge a autoestima, as possibilidades de futuro e a maneira como a sociedade as enxerga. E é por isso que projetos como Super Buby não são apenas necessários – são urgentes.

Criar uma super-heroína negra, com uma narrativa que coloca diversidade e sustentabilidade no centro, não foi um gesto de inclusão simbólica. Foi um compromisso real com a mudança. Nossa equipe é diversa porque acreditamos que histórias sobre diversidade devem ser contadas por quem as vive. Essa construção coletiva tem sido um aprendizado constante, onde a escuta e o respeito são a base.

O combate ao racismo não cabe só a quem sofre com ele. Se queremos um mundo mais justo, precisamos assumir responsabilidades. Isso significa rever privilégios, amplificar vozes, abrir espaços e apoiar políticas públicas que garantam equidade.

No audiovisual, na política, na economia ou na cultura, representatividade não é uma concessão: é um direito. E enquanto esse direito for negado, precisamos insistir. Não só no dia 21 de março, mas todos os dias. Porque cada personagem, cada história e cada oportunidade que negamos reforça um ciclo que já deveria ter sido rompido. É tempo de agir. O futuro que queremos não pode ser adiado.

*Artigo escrito por Marcelo Monegal, publicitário e diretor criativo do projeto “Super Buby”

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