Lugar de silêncio 

Silêncio tornou-se um bem luxuoso. Cada vez mais, aumenta a procura por moradias em lugares longe do barulho das cidades, dos grandes centros, especificamente.

O que parece retrocesso para alguns, é uma dádiva inegociável para quem, como eu, nunca suportou circular ou viver em meio ao barulho e agitação dos movimentados centros urbanos.

Em viagens, até podemos conhecer lugares cosmopolitas, mas para morar, sinceramente, jamais. Nunca me senti confortável em meio ao caos do trânsito, aos ruídos dos vizinhos em condomínio, à gritaria na beira da praia.

Talvez nem na adolescencia, apesar de aprontar algumas, só para ser aceita no “bando”.

Moradora do interior, praticamente me mantive longe das capitais, inclusive durante toda a minha vida profissional, também.

Pesquisa recente do mercado imobiliário indica uma tendência de aumento da procura por casas ou apartamentos bem longe, na medida do possível, do barulho urbano e mais próximos da natureza.

Pandemia e catástrofes climáticas colaboram para isso, ainda que uma grande maioria ignore o chamado e os alertas da natureza, poluindo e desmatando em busca de “progresso e prosperidade”.

Em silêncio, observo e sigo ouvindo apenas aquela voz interior que nos conecta com a verdadeira essência do ser humano e com os ruídos ancestrais da natureza e dos animais. 

Nem sempre estamos imunes a tudo o que nos incomoda, mas se nos permitirmos, sempre há a chance de escolhermos como viver em paz e na companhia dos que sintonizam na mesma frequência.

Fora disso, há também outro mundo que parece silencioso, uma caverna virtual, escondida, onde habita a maioria das pessoas, ultimamente, mas que faz um barulho danado, bem pior do que os ruídos da vida real.

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