Descobrir um câncer gera uma mudança de vida. Para quem tem apenas 20 e poucos anos e uma filha pequena, a insegurança e o medo podem ser ainda maior. A igrejinhense Maiara Rikerth viveu essa história e transformou tudo em livro. Neste sábado (23), a partir das 19h, ela lança “Diário de um câncer: a busca por um coração restaurado”. A cerimônia será no Centro de Eventos Prefeito Selson Flesch (Rua Marechal Artur da Costa e Silva, 205, Centro), com a participação de familiares e amigos.
Uma menina apaixonada pela vida, que ama viajar e conhecer lugares novos, gosta de arte, música, história e aprecia um bom café. Sonhadora, ela tem uma lista de sonhos para realizar dentro da bolsa. “Existem várias versões da Maia que eu poderia citar aqui, mas as melhores são as versões de mãe, esposa e professora, essas realmente definem quem verdadeiramente sou e trazem uma história linda na bagagem”, conta.
Aos 26 anos, em tratamento de câncer pela segunda vez, ela é mãe da pequena Marcela, de quatro anos, e esposa do Marcelo. Formada em Educação Especial e acadêmica em Pedagogia e História, é apaixonada por educação. Ela enfrenta a enfermidade com sorriso no rosto, sem perder a alegria.



Maia descreve como viveu seus dias desde que se tornou uma paciente em tratamento de câncer. Foi em 2022 quando veio o diagnóstico. Desde então, a esposa, mãe e professora passaram a assumir esta identidade e a buscar forças para superar situações típicas do tratamento. Utilizando passagens bíblicas, ela insere o leitor nesta trajetória e demonstra o quanto a sociedade precisa estar pronta para apoiar o indivíduo em diferentes etapas da vida, seja nos momentos de alegria e de desafios.
Publicado pela Z Multi Editora, o livro tem apoio da Censupeg, prefácio de Sabrina Vargas e relatos da prima Laiza Costa e dos pastores Anderson Alex Martens e Daniele Thomas Martens. Com 96 páginas, a obra pode ser adquirida com a autora e no site zmultieditora.com.br no valor de R$ 40. Mais informações pelo fone/whats 51-99764-8971.

Em entrevista exclusiva ao Drops do Cotidiano, ela contou sobre o processo de escrita do livro e sobre o seu tratamento.
Drops do Cotidiano: Como surgiu a ideia de escrever o livro?
Maiara Rikerth: Quando eu descobri o primeiro câncer, no ano de 2022, eu estava muito abatida pelo fato de ir todos os dias para Porto Alegre para fazer radioterapia e esse sentimento de tristeza que tomava conta de mim estava me afetando psicologicamente. Foi durante um café com uma grande amiga que surgiu a ideia de escrever, o objetivo era escrever as coisas boas que aconteciam no meu dia para que eu pudesse enxergar que também existiam cuidas boas no meu percurso. E assim eu fiz. Passei a escrever o que eu vivia, mas também pude perceber que os momentos ruins eram especiais porque me tornavam mais forte. Quando o tratamento terminou o livro já estava pronto e eu passei a sentir a necessidade de publicar porque durante todo o processo eu pude ajudar outras pessoas, e ao ajudar outras pessoas eu também me ajudava. Escrever me curou.
D: Como foi o processo de escrita dele?
M: O processo de escrita durou exatamente o tempo do meu tratamento, quando o tratamento acabou o livro já estava pronto. Acredito que foi o tempo necessário para que eu pudesse me curar de tudo que estava vivendo e ao mesmo tempo poder entender sobre os desafios da vida. Muitas vezes reclamamos das coisas que nos acontecem, mas não paramos para pensar em quão forte ficamos após passar por tudo.
D: O que os leitores vão encontrar nessa obra? como espera que ela contribua para suas vidas?
M: Os leitores irão encontrar o meu processo de cura, não apenas física, mas também espiritual. Eu precisei me encontrar e trabalhar muitas feridas abertas que ao longo da vida acabavam não se fechando. Aprendi a valorizar muito mais o nascer do sol, os dias de chuva e o principal, aprendi que na maioria das vezes reclamamos demais. Espero que através do meu livro e da minha história as pessoas possam enxergar a vida de um outro ângulo e que aprendam a valorizar cada segundo de vida.
D: Como é a tua relação com a literatura? O que mais gostas de ler?
M: Sempre gostei de ler, amo uma biblioteca e sou suspeita para falar, mas o que sempre me encantou foram os livros de época que trazem veracidade na história, tenho uma pequena biblioteca em casa.
D: Como está o processo do tratamento do câncer nesse momento?
M: No início desse ano eu acabei descobrindo alguns tumores pelo corpo, sendo um ao lado do coração, dois ao lado da aorta e um na coluna lombar. Segui acompanhando a evolução deles por alguns meses e precisamos intervir com quimioterapia. Atualmente eu estou em tratamento oncológico e o curioso é que no primeiro tratamento eu pude escrever o livro e agora no segundo tratamento eu vivi todo o processo de publicação. No dia 23 será feito o lançamento do livro e no dia 29 farei minha última quimioterapia.
*Fotos: Gabi Conto | Vanessa da Fé