Quando ainda bem jovem mudei de Rolante, minha cidade natal, para Novo Hamburgo percebi uma diferença vocabular. Embora as cidades são bem próximas havia nuances significativas na linguagem, enquanto eu utilizava termos e expressões linguísticas específicas da minha região, do meu grupo social, da minha comunidade, meus novos colegas utilizavam as gírias e jargões do bairro deles. O que incluía diferenças na pronúncia, no vocabulário, na gramática e em expressões. Não melhor e nem pior, apenas diferente, pois são parte importante da identidade de um grupo, preservando tradições e modos de falar únicos que enriquecem a comunicação humana. Essas heranças dialéticas são as influências que moldam a forma como comunicamos e interpretamos a realidade através da linguagem. Essas heranças podem ser culturais, sociais e históricas, e desempenham um papel crucial na maneira como escrevemos e nos expressamos. Elas representam a fusão de diferentes dialetos, tradições e perspectivas, criando uma riqueza linguística que se reflete em nossa escrita.

A influência dessas heranças na escrita é profunda. Por exemplo, palavras e expressões específicas de uma região podem ser incorporadas ao vocabulário escrito, adicionando uma camada de autenticidade e personalidade ao texto. Além disso, as heranças dialéticas também podem influenciar a estrutura gramatical e o estilo narrativo, refletindo as peculiaridades da fala de um determinado grupo.

Essas heranças dialéticas são igualmente importantes na formação da identidade individual e coletiva. Ao escrever, carregamos conosco as vozes de nossos antepassados e a história de nossas comunidades, o que enriquece nosso discurso e nos conecta a nossas raízes. A escrita, portanto, torna-se um meio de preservar e transmitir essas heranças, permitindo que novas gerações tenham acesso a elas.

Escrever, então, não é apenas um ato de expressão individual, mas também uma celebração das múltiplas vozes que nos antecederam e que continuam a ressoar através de nossas palavras.