A poesia é um alimento para a alma. E, em momentos difíceis, ela traz um alento a quem precisa. Em meio às enchentes que atingem fortemente o Rio Grande do Sul, um grupo idealizou e mobilizou para a publicação de um livro feito em tempo recorde – somente quatro dias. “Sob as águas, sobre a esperança” é uma antologia poética sobre as enchentes organizada por Alexandre Brito, Celso Gutfreind e Dilan Camargo.

Entre os autores, acadêmicos, não acadêmicos, consagrados, jovens, vítimas que perderam suas casas e suas bibliotecas e, muitas vezes, a leitura dos seus originais, fez os organizadores chorarem como choram, fora das páginas. São 59 poetas que aderiram à causa e mergulharam nas suas consequências. “A ideia, desde o começo, foi levar alguma poesia para as muitas vítimas das enchentes no RS. Poderia parecer secundário, mas toda prosa lúcida diz que não é. A poesia faltou antes da catástrofe e será necessária depois”, escrevem os organizadores em trecho da apresentação da obra.

O poeta Dilan Camargo, um dos organizadores e morador de Igrejinha, conta que a ideia brotou da comoção geral diante de uma tragédia inimaginável. “Juntamo-nos ao espírito de solidariedade que move milhares de pessoas em todas as cidades do Rio Grande e no Brasil para ajudar as vítimas. Fizemos uma convocação de emergência para que poetas escrevessem diante do avassalador avanço das águas, no maior desastre climático da nossa história”. A antologia teve a imediata parceria do Editora Bestiário, do poeta e editor Roberto Prym, que produziu e disponibilizou gratuitamente a versão digital da antologia (baixa aqui o teu exemplar).

Ele pontua ainda que as perdas materiais são incomensuráveis, mas as perdas emocionais também.  “A poesia quer chegar ao coração das pessoas, e talvez seja capaz de levar a elas o sentimento de esperança, tão necessária diante do desafio de reconstruir o futuro. Nossa ferramenta é a palavra. Como ela é que nos fazemos presentes”, conclui.