*Por Carine Setti

Recebemos Três Coroas de herança há 65 anos. Bondade, trabalho, fé e devoção foram as primeiras características do povo que aqui se instalou. Terra boa, filhos unidos e gratos pelo imenso rio gentil.

O mesmo rio que abastecia as casas, regava o solo e fazia a cidade progredir. Tão logo já era Três Coroas, a rainha do Rio Paranhana. Nascer neste seio foi sinônimo de luta constante e de força gigante que transbordou neste imenso Brasil, que agora nos olha de longe e nos acolhe de perto.

12 de maio de 2024 nos fez voltar no tempo, 1959, quando os primeiros colonos aqui chegavam. Quem sabe olhar para as dificuldades de limpar o espaço, de buscar matéria prima, de tatear comida e de construir.

Se para começar foi preciso força e coragem, para recomeçar é necessário mais do que isso. No dia de hoje, não teve festa, mas lotamos o ginásio. O som eram sirenes e apitos, não teve equipes para coordenar vendas ou programações, mas teve grupos, entidades, famílias, amigos e até forasteiros que vieram com sentimento além de comunitário movidos pela empatia e pelo sentimento de gratidão.

As cicatrizes se tornaram memórias e em breve será a história. O que fica com uma aprendizagem é a mão estendida, a comida que tinha servida, o abraço apertado, o suor dobrado, a carona compartilhada, a doação espalhada, a ideia que virou ação e o poder da fé ou da intuição.

Nosso orgulho segue sendo viver nesta terra, um jardim de beleza sem par, cuja virtude é almejada, o progresso revisto, a bonança desejada e a esperança alimentada pela solidariedade que é motivo para glorificar o nosso dia 12 de maio.

Parabéns, Três Coroas!

*Carine Setti é moradora de Três Coroas. Professora, artista e diretora de Cultura de Três Coroas.

*Foto: Cristian Krumenauer | Arquivo Drops