Coelhinho da Páscoa!

Senhor Coelho, sei que é tempo de Páscoa e que não fica bem falar mal de uma das maiores atrações do evento, os seus famosos ovos de chocolate. Claro que a data não tem nada a ver com isso, na essência, mas todo mundo só pensa nisso: degustar as deliciosas guloseimas açucaradas preparadas, principalmente, para atrair as crianças.

Por isso, uma pesquisa me chamou a atenção esta semana, indicando que a média de consumo de chocolate por pessoa chega a quatro quilos por ano. Fiquei surpresa com a quantidade, uma vez que eu não consigo comer nem um quilo anualmente, nem à força. Claro que outros devem compensar a minha defasagem ingerindo uns 10 quilos, talvez, de puro açúcar e gordura.

Mas senhor Coelho, desculpa o descaso com seus ovos cada vez mais mirrados e caros, expostos nas gôndolas dos supermercados. Não consumo! Sei que há opções mais light, com cacau 70 por cento, por exemplo, mas não menos calóricas. Portanto, pense nisso, seu Coelho, antes de engordar cada vez mais a população, já tão obesa por outros fatores relacionados à péssima alimentação e falta de exercícios.

Quando criança, acordávamos ansiosos na madrugada do domingo de Páscoa para fazer a caça ao ninho escondido no quintal. Essa era a grande expectativa da data, apesar de não ganharmos chocolates. No ninho, apenas cascas de ovos coloridas, recheadas com amendoim e talvez algumas balas e raros doces comprados no armazém da esquina pelos nossos pais, na época sem grande poder aquisitivo.

Além de não comermos chocolates, perdíamos calorias correndo pelo pátio, atrás dos rastros do senhor, seu Coelho, porque, sim, acreditávamos que o senhor existia, realmente. Ainda assim, também acreditávamos na Ressureição de Cristo neste dia, conforme nos ensinavam em casa, como preceito religioso.

Acho que, por isso, não consumo muito chocolate até hoje. Não tínhamos essa farta disponibilidade de produtos que existe hoje e nem dinheiro para comprar, além da resiliência obrigatória diante dos “nãos” que a vida nos impunha.

Hoje, seu Coelho, sei que fica difícil, diante de tantos apelos, controlar os pedidos dessa criançada, já tão conectada com tudo pelas redes sociais. Outro motivo, aliás, delas estarem engordando diariamente pelo sedentarismo passivo em frente às telas.

Já sabem antecipadamente o que trarás para elas: um ovo, dois ovos, três ovos, assim, recheados de muito açúcar e gordura, mas sem a emoção genuína da data.

Mesmo assim, desejo a todos vocês, queridos leitores, uma Feliz Páscoa, na companhia do personagem principal que não é o Coelho, até porque, nem ovo ele coloca.

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