Confinados

De confinamento, creio que todos aprendemos um pouco com a pandemia. Ou deveríamos,  ao menos, depois de ter provado o gosto amargo de não poder sair de casa.

Por isso, até me surpreendo com a insanidade de quem, deliberadamente e por livre e espontânea vontade, se candidata (e é escolhido) para participar de um BBB e ali ficar confinado com gente que nunca viu na vida.

Pior, talvez, do que uma pandemia, já que a decisão é de livre arbítrio em busca de alguns milhões para engordar a conta de influencers, músicos e outros anônimos em busca de likes e da fama que os abandonou faz tempo, em alguns casos.

Como não acompanho, com raras exceções, o que rola dentro desse cenário e muito menos as conversas e festas de gosto duvidoso, ao menos para mim, me limito a refletir,  a cada edição, o que leva um ser humano a desafiar a si mesmo para ficar amontoado com dezenas de pessoas num espaço cheio de câmeras que observam até a respiração de cada um.

Tudo por dinheiro, mas o preço ainda torna-se alto demais. Alguns apertam um “botão de pânico”, eu diria, e pedem para sair. Um alívio,  eu imagino, para quem consegue abrir mão de um sonho milionário para voltar a ser gente “normal”. Ou quase, se é que isso é possível depois de passar pela experiência de um BBB.

Percebe-se uma outra dimensão ali e, certamente, o desperdício de um tempo que poderia ser aproveitado muito mais  sem a ganância e a ambição que cegam e deturpam psicologicamente a vida como ela é. 

E, como analisou o poeta e escritor Carpinejar, recentemente, não há um livro, uma biblioteca, uma bula de remédio, que seja, para ler naquela casa. 

Obviamente, porque não há leitores ali e nem interesse de incentivar o pensamento crítico e a reflexão. Até porque, conhecimento de verdade é para os poucos que jamais trocariam a liberdade por alguns tostões que não compram a sabedoria de nenhum brother.

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