Assistir entrevistas de podcasts na internet tem sido uma boa maneira de se manter informado ou distraído enquanto se faz outras coisas, como dirigir ou cozinhar. Entre uma pergunta e outra, o convidado famoso, ou nem tanto, discorre sobre os mais diferentes assuntos e nos torna íntimos de suas histórias de vida, nem sempre dignas de duas, três ou quatro horas de conversa.
Ainda prefiro o rádio como fiel companheiro em todas as ocasiões, mas os podcasts tem conseguido se renovar em conteúdo e em diversidade de temas, tornando-se mais um canal de informação, disponível a qualquer momento que se deseja acessá-lo.
O único inconveniente são os ditos cortes feitos ao longo da entrevista com o objetivo de chamar a atenção do ouvinte/leitor/telespectador, tudo ao mesmo tempo. São fragmentos dessas conversas que nem sempre dizem o que querem dizer e nos levam à outra informação, às vezes totalmente deslocada do contexto. São tantos recortes que fica até difícil encontrar a entrevista completa nas plataformas digitais. Os fragmentos ganham mais likes do que a conversa em si.

A vida em recortes remete à falta de paciência e de atenção desses nossos tempos tão instantâneos, especialmente nesses canais e em outras plataformas digitais. Ouvir exige compreensão, entendimento do que se apresenta, reflexão e pensamento. Pela metade, em pedaços, entendem-se o que quiser, com alto risco de não se entender nada e ainda replicar algo sem a contextualização.
Perde-se no meio do caminho das frases e comentários soltos a informação completa, a referência verdadeira. Doses homeopáticas do que virá na entrevista completa, mas que muitos nem irão assistir por achar que já viram e entenderam tudo naquele pequeno recorte de vida.