Há alguns dias atrás passei por uma situação muito desconfortável para mim: me senti destratada, desrespeitada, subjugada. Fiquei muito triste e com raiva da situação, me senti injustiçada. Penso que temos que ser transparentes com o que comunicamos, mas sempre com respeito e gentileza e esta situação foi incongruente com o que acredito e busco fazer. A educação e respeito fazem parte de quem eu sou e eu espero o mesmo dos outros. Isto me levou a refletir muito, por dias – eu estava incomodada.
Esta situação pela qual passei foi muito impactante para mim, mas poderia não ser para outra pessoa. Imagino que você já tenha passado por situações relacionais e de comunicação boas e ruins – isto acontece o tempo todo. Que tal aprendermos com esta circunstância?

Este episódio me trouxe incríveis insights que quero compartilhar aqui e vou chamar de ‘lições’. Vou buscar a minha habilidade de enxergar o lado positivo de tudo também para esse momento hehehe:
- Sentimento de gratidão: Ajudou a olhar para a minha história e ser grata por ter tido experiências, em sua maioria, de comunicação muito respeitosa. Me fez olhar com muito carinho para a minha formação (Psicologia) que me ajuda a ‘não julgar’, a ‘respeitar a opinião do outro’ de maneira muito genuína. Me sinto muito feliz em diariamente acolher angústias e aflições dos meus pacientes e ajuda-los a encontrar soluções. E faço o mesmo com minha família e amigos. Cada um de nós tem uma história e elementos que colaboraram com sua construção, inclusive na sua forma de comunicação.
- Busca pela evolução e desenvolvimento contínuo: Sou uma apaixonada por inteligência emocional, desenvolvimento de habilidades socioemocionais – e uma delas é a comunicação. Tenho estudado muito sobre e quero compartilhar aqui materiais de muita qualidade caso você, assim como eu, tem a vontade de se comunicar melhor.
Antes, preciso dizer que a gente aprende com nossas vivências (um processo chamado modelagem) e pode ser que quem nos ensinou não tinha as formas mais assertivas de comunicação. Conheço pessoas que não aprenderam a pedir desculpas, que fazem pedidos em forma de exigência, que tem dificuldades para olhar nos olhos, que não tem muito ‘tato’… e isto afeta nossas conexões. É importante pensar que não somos reféns desse modelo que aprendemos. Tem quem diga ‘Esse é meu jeito, foi o que aprendi e não vou mudar. Você que se adapte para conviver comigo.’ Para ter relações mais saudáveis é primordial buscar evoluir e se desenvolver. Qualquer habilidade pode ser desenvolvida, desde que tenhamos a autoconsciência e estejamos dispostos a treinar. A comunicação e quaisquer relações intrapessoais (consigo mesmo) e interpessoais (com os outros) sempre podem ser aprimoradas.
A Comunicação Não Violenta busca expressar necessidades e sentimentos de forma clara e respeitosa, evitando julgamentos e críticas. O mais importante é ouvir ativamente e estar disposto a encontrar soluções que atendam às necessidades de ambas as partes envolvidas na comunicação.
Se você quer melhorar a sua comunicação e conexão aproveito esse espaço para recomendar materiais excelentes: Livro ‘Comunicação Não Violenta’; Podcast ‘Bem sociável’, indico também o curso on-line da Ana Streit – Palavras que Conectam https://linktr.ee/anacstreit - Expresse suas necessidades e direitos: Diga ao outro como se sentiu, o que desconfortou (o tom da fala, por exemplo, ou o que foi dito). Que prefere que num outro momento a opinião do outro possa ser expressada num ambiente diferente, sem a presença de outras pessoas, de uma maneira mais gentil. A comunicação passiva não vai ajudar – por medo de enfraquecer o vínculo, por vezes não nos posicionamos. Colocar o limite é importante. Se a pessoa com quem houve o desentendimento é importante para você, vale a pena investir na conexão/na relação. Mas se você tiver sinais de abuso e/ou perversão, sem empatia – pode não valer o esforço – nesse caso, é melhor se afastar.
- Acolha as necessidades e direitos do outro: Sugiro que coloque-se no lugar do outro e tente entender sobre a perspectiva dele. A transparência é uma característica fundamental para a construção de boas relações. Dizer o que pensa ‘sim’ com uma simples e imprescindível ressalva – com gentileza e educação. Nada justifica você falar num tom de ofensa – na minha opinião é desrespeito e eu prezo muito por ele. Uma relação saudável implica em ter espaço para frustrações, para sins e para nãos.
- Quem dá o tapa ‘esquece’, mas quem recebeu ‘lembra’: Já ouviu essa expressão? Pode ser que você disse algo e a outra pessoa não gostou. Você pode não ter tido essa intenção. Mesmo assim ela pode não ter gostado. Pedir desculpas sinceras é uma atitude de humildade. O ato de pedir desculpas não anula a situação, mas ameniza com certeza. Como cada um se sente diz do jeito daquela pessoa e não temos gerência sobre isso. Respeitar as suas emoções e do outro é fundamental para construir relações saudáveis.
- Recursos da Inteligência Emocional (IE): Como eu disse, essa situação me incomodou tremendamente. Quero compartilhar aqui o que estudo sobre IE, o que aplico no dia a dia e que me ajudou a dar leveza nessa situação que relatei – sair de um estado de tristeza, raiva e frustração para um estado de esperança ‘extrair o melhor desse acontecimento’.
- Acolher as emoções – validar e aceitar as emoções que virem. Permita-se sentir tristeza, raiva… suprimir pode trazer consequências de ‘explodir’ em outro momento;
- Desabafe com uma/duas pessoa de extrema confiança – converse com quem você se sente confortável e permita-se ser acolhido e ter outra percepção do acontecimento (de quem é neutro nesta situação). Laços emocionais estreitos são fatores de proteção. Muito importante ter com quem contar, conversar, pessoas que podem oferecer consolo, ajuda e aconselhamento. As pessoas com quem temos contato cotidiano que influenciam na preservação da nossa saúde. A sensação de não ter com quem compartilhar os nossos mais íntimos sentimentos duplica as possibilidades de contrairmos doenças ou morrermos (Daniel Goleman, 2012).
- Crie uma ‘carta compassiva’ – uma escrita para si mesmo, acolhendo as suas emoções. Exemplo: “Lu, tudo bem se sentir assim. Não foi legal ouvir xxx da maneira que foi… tá tudo bem. Ocupe-se do que importa de verdade. Agora é hora de aprender com isso tudo… Eu confio em ti, no quão és capaz”. Na postura compassiva não exigimos perfeição de nós mesmos.
Obrigada por ficar comigo até aqui. Eu espero que essa situação compartilhada e, principalmente os insights e lições dela, possam trazer aprendizagens e estratégias para evoluir na sua forma de comunicação e conexão consigo e com os que te são caros. Carecemos de estudar mais sobre Inteligência Emocional (IE), habilidades socioemocionais e Comunicação não violenta (CNV). Me alegro em disseminar esses conceitos aqui e de incentivar a busca por mais informações. Rumo a evolução sempre, para que possamos ser pessoas melhores para nós mesmos e para os outros. Um abraço apertado da Lu Linden @carreiraskarnalelinden @lulindencarreira. Paz e bem!