Invejo os que já deletaram seu perfil no Facebook e Instagram ou saíram definitivamente do WhatsApp. Por questões que envolvem atividades ligadas à minha profissão, principalmente, ainda não consegui me desvincular totalmente das redes sociais e nem desses aplicativos que proliferam indiscriminadamente por toda a parte.
Pelo contrário. Qualquer lugar que frequento, ultimamente, tem aplicativo para fazer check in e confirmar a presença com foto, RG, CPF e tudo o mais exposto para a humanidade. WhatsApp, então, nem se fala. Para tudo tem grupo, seja de duas ou quinhentas pessoas. Um caos que, admito, não consigo e nem quero mais administrar. Aliás, perco a maioria das conversas porque não dou conta de assistir a todos os vídeos ou de ver todas as fotos ou de ler todos os links e comentários que me enviam, isso sem falar do bate-papo que rola infinitamente, se alguém não dar por encerrado o assunto ou sair definitivamente do grupo, normalmente emburrado.
Ainda assim, são ferramentas importantes e ágeis, em tempos de urgências urgentíssimas, a maioria nada urgente, diga-se de passagem. Por isso, admiro os que se retiram desse mundo e retornam ao “analógico” sistema via torpedo ou ligação telefônica. Sim, porque isso ainda existe e funciona, só que sem aquela enxurrada de porcarias que entopem o celular.
Parece uma coisa jurássica, mas é muito mais interessante e eficaz, em casos de real urgência, receber ou fazer uma ligação e poder ouvir o tom de voz da pessoa ou enviar uma mensagem sem aquela neurose de saber imediatamente se foi lida. O que me intriga é que há uma infinidade de pessoas que não atende mais telefone. Você liga e elas não enxergam as chamadas, com raras exceções, claro. Agora, experimente mandar, no mesmo instante, uma mensagem via whats e verá que, prontamente, a criatura visualiza, embora não necessariamente se manifeste.
Deletar-se deste cenário torna-se um ato de coragem quase heroico, capaz de nos colocar no limbo e no esquecimento para sempre. Quem encararia, hoje, o desafio de ser visto, reconhecido e admirado apenas por quem realmente o conhece e não por seguidores que nunca o viram pessoalmente?
Tão simples e tão complicado; tão fácil e tão difícil, como a polarização que toma conta do universo virtual e tem afastado cada vez mais as pessoas da vida idealizada em postagens e filtros, lamentavelmente insuficientes para disfarçar tanta identidade falsa.