Setembro Amarelo, consciência amarela

O conceito estrangeiro da vez é o “quiet quitting”, mas a gente conhece há tempos como desmotivação 🙂

É quando o colaborador que se doa à exaustão por amor e vontade de fazer acontecer, percebe que a única coisa que recebe por isso é o aumento do volume do trabalho, pressão e cobrança, não a sua valorização e, muito menos, o seu salário. E aí ele vai murchando. 

Passa a guardar para si as ideias incríveis que antes dava de “bônus”, naturalmente, quase que sem pensar. Passa a dizer “não sou pago pra isso”, com vergonha das palavras que saem de sua boca, se sentindo culpado por começar a impor limites e medo por parecer ingrato.

Já sofri muito com situações onde me senti extremamente desvalorizada e insuficiente. Levei esses sentimentos algumas vezes aos gestores e à terapia. Perdi a conta de quantas vezes fui dormir chorando, me sentindo humilhada. Seja por palavras injustas que precisei ouvir, seja por me sentir fraca após chorar em reunião, seja por não entender porque não enxergavam o amor que eu colocava em cada ação minha na empresa.

E aí eu percebi que ninguém me pediu para doar mais de mim, do que eu conseguia. E ninguém me pediu para amar a empresa para a qual trabalhava. Meu trabalho era pago para que eu entregasse resultados, ponto. 

Eu me cobrava, eu ficava trabalhando de madrugada revendo projetos e se o cliente só podia reunir aos sábados, ok. Eu verificava o andamento dos projetos aos domingos. Assistia séries, filmes, documentários para aprender algo ou ter assunto para novos projetos, me manter atualizada. Lia livros e mais livros sobre assuntos que eu não tinha interesse, para ajudar a equipe em áreas que nunca foram as minhas.

Eu “trabalhava enquanto eles dormiam”, mas eles não adoeceram por mim (que bom! Mas…).

Ipê amarelo. Foto: Roberta Loyola Barboza

Para eles, não havia nada de errado, pois nunca me pediram para sacrificar minha saúde. Nem meu sono. Pelo contrário! Mas em equipes enxutas, alguém sempre se sobrecarrega e exaure mais. Sempre. Porque para que esteja feito, alguém precisa fazer. E se não houver quem execute, não adianta ter tantos líderes assim. Só se sacrifica, quem se importa. 

Desmotivação, quiet quitting, seja o conceito que for, aprendi que a maioria das coisas que nos faz mal, é a gente que vai lá e procura. Ou permite que aconteça. Excessos, falta de limite, desequilíbrio. 

Não olhar pro funcionário exaurido, pelo menos se questionando se a bagunça é incompetência da equipe ou fruto de má gestão, é tão errado quanto o colaborador abraçar mais e mais sem ter condições de carregar e depois usar a sua alta produtividade e cansaço como muletas para a isenção de culpa por baixo resultado ou atraso na entrega.

Outch. Doeu, né? É, eu sei.

A vida tem dessas: é preciso parar de projetar a culpa toda no outro e começar a entender o que é mesmo que se está escolhendo para a nossa vida. 

Lições aprendidas. Continuo dando o meu melhor, mas inseri a demanda “cuidar de mim” nesta equação, com equilíbrio.

É sobre isso. E agora sim, tá tudo bem 🙂

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