Meu noivo me viu fazendo os pacotes dos tecidos para envio aos integrantes do meu grupo de estudos do Qual Moda para Qual Mundo, do Instituto Casa de Criadores, e disse:
“Deve ser bom ter uma pessoa que organiza e planeja os projetos como tu, em um grupo. Mas o mercado real não é assim, as coisas nunca estão prontas, né?”
E eu parei para pensar, de verdade, sobre isso que ele disse. Eu não “nasci coordenadora, planejadora, orientadora ou designer”. Precisei desenvolver estas habilidades ao decorrer da vida, dos estudos, da prática profissional – em parte, por amar essa gestão de atividades criativas como um todo, em parte por ter sentido, em algum momento da vida e/ou carreira, que ou eu pegava a frente para executar e realizar, ou ninguém pegaria. E, às vezes, as pessoas não pegam esta responsabilidade não por que falta interesse, e sim, por não saber como fazer, como dar o primeiro passo, como começar.
Se ninguém ensina, se ninguém explica, ninguém aprende. E absolutamente todo mundo pode ensinar muitas coisas, bem como aprender tantas outras.
E existem muitas coisas que a gente aprende, errando.

Em uma das últimas empresas nas quais trabalhei, disse isso para uma colega 13 anos mais nova que eu:
– “eu não peço aumento, pois meu valor deve ser percebido”.
E ela me respondeu:
– “então jamais será. Você é a prestadora de serviços, você coloca o seu preço, você indica o valor do seu trabalho”.
Sempre aprendendo, sempre evoluindo, hein? Acho que como uma boa (?) millennial que sou, segui muito à risca a cartilha que me foi ensinada. “Não fale tanto sobre ti, é feio!”; “Não seja exibida”; “Não saia contando as tuas conquistas”; “Aguarda a tua vez”; […]
Hoje eu sigo aprendendo demais com a nova geração, mais afoita e mais impetuosa, mas também mais forte e com menos medo de errar – afinal, sim, eles também ensinam.

Então respondi ao meu noivo:
“Se na vida real não houver quem organize o projeto, nós precisamos pegar esta responsabilidade e aprender a fazer nossa parte. É isso que eu tento passar ao meu grupo, majoritariamente com menos idade que eu e menos experiência, também. Um dia eu tive quem me ensinasse, hoje eu ensino o que já aprendi. Da mesma forma, aprendo com eles, pois a visão dos jovens criativos de hoje, é bem mais completa e complexa do que a dos que já foram jovens há 15 anos atrás”.
É sobre troca. É sobre fazer parte. É sobre entender que ninguém já sabe de tudo, que sempre tem algo novo a ser aprendido e que não há nada mais gratificante do que passar conhecimento adiante e estar sempre aberto a ampliar nossos horizontes.