Eu amo tecnologia, amo mesmo. Mas há coisas que quando realizadas por nossas mãos, são tão ou mais incríveis ainda. Algumas delas, são as relacionadas às artes manuais.
Ok, como designer e ilustradora, tendo mesmo a amar mil vezes mais o que é personalizado, único, manual. Cada projeto que eu idealizo, leva tempo e leva minha dedicação. Insiro toda a minha experiência de mais de 15 anos de carreira criativa, focando em solucionar da melhor forma a questão para a qual fui contratada a pensar.

Mas conversando com amigos e conhecidos artistas e designers, cheguei à conclusão de que existe uma hipervalorização do que vem da indústria. Quanto mais caro, exclusivo e inacessível o produto for, maior é o desejo de posse que ele evoca.
Parece que somos pequenos ratinhos correndo atrás de um queijo em movimento, nunca o alcançando e nunca parando de correr. É uma vontade tão grande de parecer algo, que a gente esquece até o motivo de consumir tanto. Apenas queremos mais e mais.

Como em março (15/03) é o dia do consumidor, decidi “comemorar” de um jeito diferente: sem consumir. Ou melhor: sem consumir nada desnecessário. E sendo assim, decidi escrever esta reflexão na minha primeira coluna de março.
Fiquei pensando: por que as artes manuais não são reconhecidas como deveriam? Por que aplaudimos tudo que é industrializado e não valorizamos como deveríamos tudo o que as mãos criam? E claro, por mãos, entendo o combo mãos + mente criativa.
Valorizar o trabalho criativo só “vale a pena”, se o criativo for famoso. E é esse pensamento que faz com que pequenos negócios não tenham a visibilidade que merecem.

Meu estúdio, embora ainda pequeno, sempre está na ativa, criando e solucionando. Mas não posso ser hipócrita e devo reconhecer que tenho ao meu favor todo o conhecimento em comunicação no digital, coisa que a maioria dos pequenos negócios não possuem.
Saber fazer com que o conteúdo chegue até as pessoas certas, requer conhecimento não apenas da plataforma, mas também dos nossos públicos. É preciso saber aliar teoria, prática, comunicação e branding bem construídos para termos bons resultados.

Os criativos que desenham, precisam aprender amostrar ao mundo tudo que fazem. Se a vida toda aprendemos que “era feio ficar falando da gente”, agora mais do que nunca, ou a gente conta a nossa história, ou estamos fora.
Quando eu compartilho meus processos criativos, sinto que quem acompanha meu trabalho aprecia muito mais. Eles começam a entender que adquirindo uma obra ou estampa minha, estão adquirindo junto um pouco do meu amor à criação e à arte.

Valorizar as mãos que criam, é reverenciar os processos criativos e as histórias das coisas. É entender que o tempo dedicado à criação de um produto, é o bem mais precioso. É valorizar a arte e as manualidades.
Neste dia do consumidor e durante o mês de março, proponho que tu adquira produtos realizados por mãos que criam. E de preferência, mãos femininas. A sensibilidade do manual faz com que a arte seja ampliada através do trabalho criativo de quem é capaz de deixar tudo especial.
