Sim, precisamos falar sobre o algoritmo. Mas antes de falarmos sobre ele, vou explicar o nosso contexto.
De 2020 para cá, nossa sociedade está passando por transformações de modo ainda mais acelerado do que estávamos acostumados. A pandemia trouxe tantos desafios em todos os âmbitos de nossas vidas que nossas ações mediante a tudo que vivemos, sentimos e expressamos desde então, repercutem diretamente no contexto que vivemos. Nossas impressões sobre o mundo e a facilidade com a qual nos sentimos à vontade para apontar o dedo e julgar são, no mínimo, inquietantes.
Com nossa saúde física precisando de cuidados e de resguardo em casa, nossa saúde mental está pagando um preço altíssimo por esta superexposição a dados, informações, conteúdos e esta avalanche de cobranças psicológicas que nos ditam o que pensar, como agir, o que sentir, e sobre como devemos nos posicionar. Nossas vidas tecnológicas estão cada vez mais atuantes. Vivemos em comunidades digitais e estamos correndo o risco de, aos poucos, estarmos nos distanciando cada vez mais uns dos outros.
As relações interpessoais estão enfraquecidas. A sensação que dá, é que quando a pandemia acabar, ninguém vai fazer lá muita questão do aglomerado, não. Não sei vocês, mas eu estou cada vez mais acostumada ao meu “exílio” aqui em casa. Sinto, claro, falta de amigos e da minha família, mas estou prezando cada vez mais o tempo de qualidade que o silêncio oferece.
Li , recentemente, uma obra que me tocou muito. Sociedade do Cansaço, do filósofo Byung-Chul Han.

Esta obra teve o boom de reconhecimento agora, em tempos pandêmicos de Covid-19 e, pelo menos para mim, nunca fez tanto sentido falar sobre temas como cansaço, acúmulo de sentimentos, enxurrada de informação e angústia por sentir insuficiência em nossos esforços dentro de um contexto ocidental que valida a exaustão como exemplo de conduta pessoal e profissional.
Byung-Chul Han é uma das vozes filosóficas mais realistas e inovadoras da contemporaneidade, verbalizando em texto os sentimentos que todos nós já tivemos ou temos, todos os dias, e não conseguimos expressar para além de nossas inseguranças e incertezas.
Depois de meus estudos com os textos de Bauman, nunca me senti tão ligada a uma leitura comportamental e social quanto em Sociedade do Cansaço. O livro é curtinho, a leitura é fluida e traz críticas e análises pontuais da nossa sociedade atual.
O autor traz um termo incrível: a era da “sociedade do desempenho”. Você não é mais suficiente por ser você, mas é comparado aos outros e é exigido que você saiba sempre mais do que já sabe, tenha cada vez mais do que já tem e queira sempre mais do que já possui. O autor traz a problemática relação do contexto com nossos hábitos sociais, elencando as doenças mentais que surgiram ou se agravaram dele: depressão, ansiedade, distúrbios do sono, dentre tantas outras situações delicadas vivenciadas.
E foi através desta leitura, que desencadeei uma reflexão ainda maior aqui nesta cachola.

Desde que a pandemia começou, procurei ficar ainda mais atenta a tudo que estava acontecendo. Em meio ao caos instaurado e fortalecido pelas incertezas, medos e angústias, havia algo mais acontecendo. Nas entrelinhas do nosso governo bagunçado e das reações populares contra uma série de absurdos ao redor do mundo, o sono de alguns permaneceu inabalável, protegido por uma positividade corrosiva e tóxica que é pertinente apenas aos privilegiados. Privilegiados estes que, mesmo em situação de desespero, centenas de milhares de mortes ao redor do mundo e taxas de desemprego crescentes dia após dia, sentem-se tranquilos e protegidos em suas vidas confortáveis. Para estes, a pobreza e o medo da injustiça não provocam reflexões, afinal… “é uma realidade tão distante, que não lhes diz respeito”.
Em contrapartida, o despertar dos lúcidos aconteceu de modo aterrador. Para a parcela gigantesca de pessoas diretamente atingidas pela crise na economia, o “ficar em casa” já não fazia mais sentido. Afinal, ficar em uma casa sem luz, sem comida, sem perspectivas, não é tão atrativo assim. Para os privilegiados e despertos, que mesmo mediante a sacrifícios, puderam e conseguiram entender e atender o todo por trás do contexto vivido, a necessidade de fazer alguma coisa de fato, era inevitável.
Começaram as indagações sobre o governo que não promoveu saúde, cuidados e gestão de crise quando o povo brasileiro mais precisou dele. Comércios começaram a reabrir porque as pessoas precisam trabalhar. Sem apoio nenhum, de ninguém, começaram a morrer. Usar a máscara e ter sempre um álcool em gel dentro da bolsa, são luxos de uma parcela pequena que possui condições para cuidar de si. Para os pobres, a falta de comida é uma preocupação maior do que higienizar as mãos de cinco em cinco minutos.
As vacinas? Insuficientes. O entretenimento? A internet. E com esse uso excessivo de internet, meus amigos… adoecemos. E agora sim, vamos falar sobre o algoritmo.

Quanto tempo, em média, ficamos conectados?
Fiz o cálculo do meu consumo diário de internet e fiquei apavorada. Minha diversão, meus estudos e meu trabalho, estão todos documentados pela troca de dados diária que eu e meus dispositivos eletrônicos entregamos aos algoritmos das redes sociais das quais participo.
Meu dia começa às 5h da manhã. Sou despertada pelo celular e já checo as mensagens no WhatsApp, no Instagram, no Facebook e no LinkedIn. Olho e respondo os primeiros e-mails do dia e nisso, já são 6h.
Levanto da cama e vou preparar o café da manhã. E, enquanto isso, ouço algum podcast, posto no meu perfil do estúdio no Instagram e já aproveito para responder as mensagens dos perfis dos clientes que eu atendo nesta rede social. Agora já são quase 7h da manhã e eu sento no sofá com meu café e ligo a televisão, acessando minha conta na Netflix.
Assisto a alguma série irrelevante, de cujo teor e assunto esquecerei em breve. E aí sou lembrada pela agenda do Google que a primeira reunião do dia começará em 45 minutos. Nisso, o relógio já marca 8h 15min.
Ligo o computador, entro no Skype. Verifico as mensagens de trabalho, organizo o dia de trabalho e já está na hora da reunião. São 9h da manhã. Lembro de olhar que horas são, quando sinto uma enorme vontade de fazer xixi e percebo que já é quase meio-dia.
Pauso por uma hora, mas não desconecto. Durante o período de preparo do almoço e da refeição, estou com o celular na mão respondendo alguma mensagem importante e a Netflix pausado na série irrelevante. Engulo a comida e volto ao trabalho. Há dias em que paro, a noite, e não lembro o que almocei… de tão automático.
Volto ao trabalho às 13h e paro às 16h para fazer um café da tarde. Meu noivo me conta alguma coisa que ele leu ou assistiu na internet e voltamos ambos ao trabalho. Trabalho até às 19h30min e então desligo o computador. Mas desligo ele para ligar a tv e voltar à série irrelevante e, ao mesmo tempo, leio artigos no celular e alguns e-books. Tenho ideias de conteúdo, então escrevo e-mails para ler no dia seguinte e lembrar dos assuntos que devo estudar.
Quando dá 20h30min, eu e meu noivo jantamos… assistindo Netflix, ou Disney Plus, ou Amazon Prime… E aí, após uma taça de vinho, meu noivo me sacode do cochilo no sofá para ir dormir. O relógio marca 23h. E tudo recomeça na manhã seguinte, às 5h.
E o que isso tudo quer dizer? Que o algoritmo sabe mais de mim, do que eu gosto e desgosto, de minhas rotinas, do que a minha família e as pessoas que eu amo. Interajo mais no digital do que no real. E claro, a pandemia contribuiu 90% com isso tudo.
Empresas que estavam falindo foram forçadas a ter seus negócios divulgando os seus produtos e serviços nas redes sociais. Milhares de desempregados foram forçados a empreender para não morrer de fome (Literalmente, infelizmente). No nosso país, nosso povo empreende muito mais por necessidade do que por oportunidade. Oportunidades, aliás, são luxos restritos a poucos.
E agora chegou a hora de falarmos sobre o “mérito”, que anda sendo pauta de assuntos distorcidos. E claro, sobre o algoritmo.

O teu esforço é maior do que mostra o alcance do algoritmo.
Anotou isso? Não? Ok, digita aí no celular, então. Pronto.
É o que eu acredito, mas infelizmente não é o que a grande maioria dos empreendedores sobrecarregados (frutos da Sociedade do Cansaço), sentem. Estes empreendedores olham os perfis gigantescos de algumas marcas e a única coisa que pensam, é: “Meu Deus… eu não sirvo para criar conteúdo e o meu negócio está fadado ao fracasso”. Comparam-se aos perfis gigantescos e lendo algumas entrevistas destas “pessoas de sucesso” – encontram as informações de que “todas as suas inúmeras conquistas foram frutos de seus méritos”. E ai pensam: poxa vida, então eu não mereço nem ter um trabalho decente?
Na maré de gurus do marketing que dizem que “basta você acreditar, que tudo se resolverá”, temos ainda a pressão psicológica que a gente sofre diariamente com a enxurrada de informação que insiste em dizer que nós somos insuficientes. “5 regras para fazer o perfil crescer”; “Conquiste o sucesso em 4545377822929 passos infalíveis”; “Você precisa investir mais para crescer”: algumas das máximas que frequentemente podemos ler rede afora.
A pessoa se empenha criando um conteúdo. Recebe 2 likes e 0 comentários. Pronto. Desanima. Resolve fazer parte de correntes. O seu nicho é de pet e acaba tendo seguidores que fazem bolos, roupas e unhas. Pronto. Bagunça ainda mais o que era bagunçado, mas cresceu um pouco o número de seguidores. Opa! No dia seguinte, perdeu 40 seguidores e, no anterior, havia ganho apenas 32. Pronto, sofre e desanima um pouco mais. Quando a pessoa pergunta aos experts porque isso acontece, a resposta é geralmente: conteúdo fraco.
“Poxa, mas meu conteúdo é tão ruim assim?” Não, não é. O teu único erro é o de insistir em compartilhá-lo com as pessoas erradas, na plataforma errada e no formato errado.
O que eu digo: o teu esforço é maior do que mostra o alcance do algoritmo. E tem milhares de outros meios de comunicar na internet. Por que as pessoas estão tão presas a esta ilusão dos likes e followers? É a falsa sensação de importância e notoriedade que as deixa assim, desejando ter o que não precisam, ao invés de lapidar os seus pontos fortes para conquistarem os reais objetivos: mostrar seus produtos e serviços, vender seus produtos e serviços.

Número de seguidores NÃO é credencial de sucesso.
A quantidade de alunos que eu tenho que sempre me pergunta como fazer para “conquistar 200 mil seguidores”, vocês não fazem ideia. Que coisa, né? E para quê? Na verdade, esta ideia é uma falácia gigantesca que é vendida como credencial de sucesso. Basta perceber que na nossa própria rede de amigos, é muito mais fácil ter alguém compartilhando conteúdos de uma super marca de milhares de seguidores, do que algo que nós criamos. O ego, ah, o ego. Ele está por todos os lados.
Ter muitos seguidores não quer dizer que o teu perfil terá muitos clientes. E além disso, do que serve milhares de seguidores que não conhecemos, que não interagem, que não se mostram dispostos a ler uma legenda maior do que 4 parágrafos? Eles nem estão dispostos a te conhecer, e tu está adoecendo por seus likes. Vale a pena?

Você não precisa chamar a atenção de milhares de pessoas, e sim, das PESSOAS CERTAS.
Depois que eu finalmente entendi isso, muita coisa mudou e melhorou. Por trás de todas as marcas, sempre haverá pelo menos um ser humano. Pessoas se conectam com pessoas. Então, por mais que o algoritmo não te ajude, desencane. Há muitos meios de fazer com que os teus serviços cheguem até as pessoas certas.
Não adianta publicar no Instagram e esperar o milagre acontecer. O Instagram é uma ferramenta de comunicação, mas não é a única. Ele pode ser rentável? Claro! Eu monetizo bem através dele, mesmo tendo poucos seguidores. O lance é que nem sempre o público que paga e bem pelos teus serviços, está te seguindo.

Após ver isso tudo e sentir esta angústia na prática, decidi oferecer uma masterclass sobre criação e desenvolvimento de conteúdo para redes sociais. Vou ensinar o que eu aprendi, o que deu certo e o que não deu certo. Vou mostrar como eu fugi das regras de milhares de gurus do marketing e decidi criar conteúdo genuíno por minha conta e risco. Vou contar porque eu decidi contar os dias de quarentena em casa, como consegui criar uma comunicação forte e autoral. Assim, mesmo com menos de 3 mil seguidores no Instagram, mas nunca me falta trabalho. No fim das contas, é o que importa: o empreendedor só quer, mesmo, trabalhar. O resto, é bobagem.
Dia 21 de junho vou divulgar o link de compra do ticket para a minha masterclass, que será um valor pagável e que não faça com que ninguém venda um rim para poder ter acesso ao conteúdo.
Os dois únicos motivos para que eu não ofereça este conteúdo de graça, são:
1. Ninguém valoriza de verdade o que é gratuito. Há um preconceito gigantesco sobre o que é oferecido de graça.
2. Este conteúdo não é algo que se encontra por aí, ou seja: é autoral, fruto de meus estudos e vivências como empreendedora e comunicadora. E merece ser reconhecido (a começar por mim).
Assunto: Planejamento estratégico e criativo para divulgação de seu negócio nas redes sociais.
Resolvi fazer isso, compartilhar conteúdo real, para pessoas reais, por estar cansada de ver tanta gente frustrada por se matar criando conteúdos e nunca obter resultados. E isso, porque sempre está se comparando a pessoa a, b, c – sem levar em consideração que o palco dos famosos nunca será igual aos bastidores de quem está na luta.
Convido a acompanhar o meu perfil no Instagram e a ficar por dentro das novidades. E caso não possa ou não queira fazer a masterclass, tudo bem: eu sigo compartilhando conteúdos de graça no perfil (por mais que muitas pessoas se inspirem e reproduzam meus conteúdos sem jamais me dar os créditos). Faz parte do jogo – torto e injusto – de uma engrenagem social muito mais ampla… conforme eu expliquei no começo deste texto. E de verdade? Vida que segue, pelo menos ela, ainda sem me dar unfollow por dizer algumas verdades.