De mãos dadas

Estamos quase em agosto e alguém lembra das metas e previsões para 2020, feitas lá em dezembro do ano passado quando ainda éramos “normais” e podíamos nos aglomerar para brindar juntos o Réveillon? Faz tempo, parece uma eternidade de tão longe que ficaram estes momentos, mas eles foram há seis meses, apenas.

Seis longos meses que, agora, me parece que estão voando, a partir do segundo semestre. De março a maio uma lacuna de horas intermináveis se arrastava para passar com o distanciamento social e as regras de isolamento. Junho e julho ainda apavoram com o frio, enchentes, gafanhotos, ciclone bomba e, claro, o maldito vírus que quer tomar conta deste planeta e de seus habitantes. Vírus são assim, como aqueles parentes ou amigos chatos que chegam para um final de semana na praia e resolvem ficar mais um pouquinho (se bobear, o veraneio todo. E de graça).

Mas quero falar do tempo, da passagem irreversível das horas, dos minutos, dos segundos que perdemos com inúmeras bobagens e pensamentos inúteis, enquanto a vida escoa rapidamente, como um rio que transborda e sai arrastando tudo pela frente. Tudo passa rapidamente e, quando menos se espera, já será Natal, já estaremos em 2021, sem brindes, talvez, mas certamente um ano mais velhos ou mais experientes, se soubermos aproveitar justamente ele, o senhor que nos devora: o tempo.

Portanto, saboreie cada segundo, bom ou mau, antes que ele se perca junto com seus devaneios. Desligue o celular e a televisão para ouvir-se e perceber o tempo em cada respiração. Respeite-se, se os outros não o fazem. Ame-se, mais do que a qualquer outra pessoa e permita-se ser feliz no tempo possível, antes que ele se vá.

Tudo vai passar, portanto não se angustie. Ande na velocidade permitida para cada momento. Estamos no inverno, é certo que a Primavera virá, mas não atropele. Caminhe, observe e agradeça a jornada. Ela também passará.

Estamos quase em agosto e logo o inverno da vida irá embora com o tempo, sempre ele, a transformar e dar esperança aos que andam de mãos dadas com as horas. Segure firme nessa mão invisível e faça a travessia. Nos encontraremos ali em frente, na outra margem do rio, com o sol a brotar flores na terra fértil da existência.

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